CHEIO DE RECURSOS

Uma ocasião Frei Baraúna teve que sair correndo da mesa do jogo para o púlpito, pois esquecera da missa da noitinha. E saiu sem ter tempo de esconder o baralho na manga do hábito.

 Frente ao altar, ao persignar-se, genuflexo, caíram-lhe algumas cartas no chão. Sem perturbar-se, frei Baraúna mandou que um menino as apanhasse e lhe dissesse que cartas eram. O menino obedeceu, mostrando conhecer os naipes. O frade ordenou-lhe em seguida que rezasse o “creio em Deus Padre” e, como o menino declarasse não saber a reza, frei Bastos Começou:

– Vejam, senhores e senhoras paroquianos! Este menino conhece os naipes do pernicioso baralho, mas é incapaz de rezar o Credo!…

E, a partir daí, improvisou um sermão eloqüente sobre os vícios e a educação religiosa da mocidade…