Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’

DOURAR A PÍLULA

Esta frase tem o significado de tornar algo desagradável, como coisa fácil de aceitar. “Antônio Delicado, na sua obra ”Adágios portugueses reduzidos a lugares comuns”, de 1651, já menciona o provérbio: “Se a pirola bem soubera (se tivesse gosto bom), nam se dourara por fora”. Ou seja: o remédio de gosto amargo, é enfeitado para “enganar” o usuário. Entretanto, onde “dourar” entra nessa história? Acontece que os antigos boticários, chamavam “dourar” colocar uma capa adocicada (açúcar, caramelo, mel) nas pílulas amargas, para disfarçar o gosto ruim, tal qual os laboratórios farmacêuticos fazem ainda hoje.

SOPA NO MEL

Cá entre nós: sopa no mel deve ficar horrível! No popular: uma porcaria – estragando tanto a sopa quanto o mel. De onde vem, então, a expressão idiomática “sopa no mel”, tão difundida entre nós, para expressar aquilo que vem a calhar, que acontece da forma mais conveniente, no momento mais propício, que chega a propósito? Ela surgiu em Portugal, provavelmente no século XV ou XVI. Antônio Nogueira Santos explica que, nessa época, sopa significava “bocado de pão que se ensopa”. No linguajar de nossos dias, seria, portanto: ensopa no mel.

ESTEPE (PNEU RESERVA)

A etimologia do termo estepe, no sentido do pneu reserva que levamos no porta-malas do automóvel, origina-se do abrasileiramento do termo inglês step tyre , “pneu do estribo” . Isto porque os primitivos automóveis costumavam trazer o pneu sobressalente (tyre), sobre o estribo lateral (step). Nos anos trinta, certa vez um fazendeiro entrou esbaforido numa oficina, em Bagé, pedindo socorro, pois tinha ficado na estrada “com uma ursa sem estrepe”.  Somente depois de muita conversa foi que o mecânico conseguiu entender, que o homem estava era com um Hudson (marca de carro), sem estepe!

SANTINHA DO PAU OCO

O termo, que significa fingida inocência, vem da época do Brasil Colonial. Um dos artifícios de que se valiam os mineradores nacionais para burlar o rígido controle dos fiscais da Coroa Portuguesa, era contrabandear ouro em pó e pedras preciosas, dentro de estatuetas ocas de madeira, representando a Virgem Maria. Desta forma escapando do pagamento de pesados impostos. O disfarce em ícone católico, propiciava  proteção contra o exame meticulosos dos portugueses, e funcionou com sucesso por certo tempo, até a burla ter sido denunciada e descoberta. Tais estatuetas, usadas pelos contrabandistas com essa finalidade, passaram a ser conhecidas como santinhas do pau oco.

SACRIPANTA

A palavra é originária de Sacripante, personagem muito salafrário do poema épico “Orlando Furioso”, escrito por Ludovico Ariosto em 1516. O sentido é de velhaco, patife, pesoa capaz de todas as violências e indignidades. É por isso que quando se chama alguém de sacripanta, o cidadão fica muito mais furioso que o próprio Orlando.

BATER A CACHOLETA

Ir desta a para a melhor, desencarnar; bater as botas. O termo vem de Portugal, uma vez que no português popular arcaico, cacholeta tinha o significado de cabeça. Provém do fato de que o moribundo, num último espasmo, no instante da morte, costuma levantar a cabeça do leito e depois deixá-la cair de súbito no leito, batendo a cacholeta.