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A VIDA NA CORTE

Dizia o Padre Antônio Vieira, que toda a fortuna de um homem da Corte, consistia em saber adular, mentir, furtar e repartir.

A ARTE DE ENGOLIR SAPOS

Perguntado certo palaciano, como chegara a envelhecer no Palácio o seu valimento e ventura, o que raras vezes acontece, respondeu:

– Dissimulando ofensas, e rendendo graças.

A esse respeito dizia o Marquês de Alenquer: Dando graças pelos agravos, negociam os homens sábios.

BANCO

A origem do termo banco, para designar instituição financeira, é a seguinte: Os antigos cambistas faziam as suas transações nas praças públicas, e contavam o dinheiro sobre os bancos. Daqui veio o nome ao primeiro estabelecimento de crédito, que foi instituído em Veneza, no ano de 1157. O banco de Veneza (banca del giro) foi definitivamente organizado em 1587.

DOIS ANIMAIS

Em uma função pública estava um mancebo, mui tímido, sentado atrás de uma senhora, de quem gostava muito, e que não reparava nele. Desejoso de travar conversação, aproveitou a circunstância de ver uma mosca pousada na manta da sua formosa vizinha, e disse-lhe:

– Minha senhora, advirto-lhe que tem um animal atrás de si.

– Ai me Deus! – respondeu a senhora, muito assustada – não sabia que o sr. estava aí.

EXPLICAÇÃO DA BÍBLIA

Um frade disputava acaloradamente com um militar, porque este dizia que a terra girava em roda do sol.

– O senhor não se lembra, – dizia o enfurecido monge – que Josué fez parar o sol?

– Por essa mesma razão lhe digo, – respondeu mui gravemente o militar – que desde essa ocasião ficou imóvel!

FAVOR

Um famoso ator farsista conhecido por Carlino, certa vez tinha o teatro quase vazio, sendo obrigado a dar a sua récita em presença de dois únicos expectadores, um dos quais se retirou antes de findar a representação.

Acabada esta, e sendo costume anunciar ao público a comédia que deveria representar-se no dia seguinte, Carlino, fazendo sinal ao único espectador para que se aproximasse, lhe disse:

– Senhor, tenho que pedir-vos um favor.

– E qual é? – respondeu o expectador.

– Senhor,  – replicou Carlino – se quando sairdes do teatro encontrardes por acaso alguém, peço-vos que lhe digais, que amanhã representaremos – As vinte e seis desgraças do farsista.