COMIDA PESADA

O barão das Catas Altas era o tipo perfeito do novo-rico. No século XIX ninguém gastou com tanta ostentação, atirando idiotamente tanto dinheiro fora, como ele. Acendia charutos com cédulas de libras; nos jantares, quebrava a porcelana inglesa e os cristais da Bohemia, por pura farra. Queria assombrar o mundo. De origem humilde; era sacristão quando recebeu por herança do irmão da mulher, que não tinha descendentes, as minas do Gongo-Soco em 1809.

Certa vez em um de seus faustosos banquetes – onde os pratos, os talheres, as taças, as baixelas, tudo, era ouro – à certa altura os criados serviram almôndegas cobertas com um molho espesso e cheiroso. Os “papa jantares” metem os garfos nas almôndegas, mas estas resistem aos talheres. O barão, com os olhos úmidos de prazer, solta uma gargalhada de estrondo. As almôndegas eram de ouro!

– Sirvam-se, senhores! – exclama o nababo à cabeceira da mesa, desmanchado em gargalhadas. Assim, cada comensal ao retirar-se levava consigo uma almôndega.

E quando morreu, em 1839, o tolo barão estava na miséria, não deixando à família mais do que dívidas!…