Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
DOIS ANIMAIS
Em uma função pública estava um mancebo, mui tímido, sentado atrás de uma senhora, de quem gostava muito, e que não reparava nele. Desejoso de travar conversação, aproveitou a circunstância de ver uma mosca pousada na manta da sua formosa vizinha, e disse-lhe:
– Minha senhora, advirto-lhe que tem um animal atrás de si.
– Ai me Deus! – respondeu a senhora, muito assustada – não sabia que o sr. estava aí.
EXPLICAÇÃO DA BÍBLIA
Um frade disputava acaloradamente com um militar, porque este dizia que a terra girava em roda do sol.
– O senhor não se lembra, – dizia o enfurecido monge – que Josué fez parar o sol?
– Por essa mesma razão lhe digo, – respondeu mui gravemente o militar – que desde essa ocasião ficou imóvel!
HUMOR MILITAR
Entre a soldadesca brasileira que participava da Guerra do Paraguai, era hábito, como em todos os exércitos, e em todas as eras; inventar pilhérias e atribuí-las a certos oficiais.
A principal vítima dessas gaiatices era um velho brigadeiro, tão conhecido pela bravura como pela ignorância. Dele se contava que, ditando ao secretário a parte relativa a um combate, dissera: “Não se esqueça de escrever que o inimigo fugiu tomado de terror pândego!”
A conversa deste brigadeiro era uma série de batatadas, como se dizia então no Exército. De uma formosa rapariga por quem um oficial fazia grandes sacrifícios, referia: “Aquela rapariga sustenta um luxo asinático”, asiático, queria exprimir o bom homem. Casa aritmeticamente fechada, casa de genealogias verdes, eram coisas que lhe atribuíam entre muitas outras.
Por exemplo, relatavam que uma vez fizera com ar pesaroso a seguinte observação, ao contemplar enormes rolos de fio telegráfico, deixados numa estação pelos paraguaios:
– Que pena não nos poder servir tudo isto!
– Mas por que, General?
– Ora e que palerma! Não passariam senão palavras em guarani!
A PACIÊNCIA DO CAPELÃO
Na época da Guerra do Paraguai, um capelão após rezar uma missa para as tropas brasileiras, onde proferira uma homilia em que fizera certa citação histórica, juntou-se à roda dos oficiais para conversar.
Um oficial implicante, que, aliás, vivia a atormentá-lo com remoques insolentes, o questionou:
– Padre, como é isto? Se em França nunca houve D. Manuel I, como é que o senhor descobriu este D. Manuel III?.
Apesar de já a ira lhe subir às faces, anda contemporizou o frade:
– Ora esta! Pouco importa a questão do nome do rei, o que vale é a filosofia, a essência do caso! Se não era D. Manuel, seria D. Antônio ou D. José…
– Também nunca os houve em França – redargüiu o pouco amável oficial.
Aí perdeu o bom padre as estribeiras, e respondeu-lhe com veemência:
– Olhe, quer saber de uma coisa? Se não era D. Manuel, D. Antônio ou D. José, seria D… Vá Plantar Batatas ou D… Vá Para o Diabo que o Carregue!
INQUÉRITO
O tropeiro apeia-se à porta de um armazém e pede a um pequeno para lhe segurar o cavalo.
– Não morde? – perguntou o pequeno.
– Não.
– Não dá coices?
– Não.
– É fujão?
– Não.
– E não são precisos dois para o segurar?
– Não.
– Nesse caso, segure-o você, que tem idade para isso.
MOTIVO DE PREOCUPAÇÃO
Quando morreu o padre de uma paróquia, puseram um aviso à porta da igreja onde ele costumava rezar missa: “O nosso estimado Padre Fulano de Tal, partiu para encontra-se com Cristo, esta manhã às 10 horas.”
Uma mão irreverente escreveu mais embaixo, a lápis: “Três horas da tarde. Ainda não voltou. Começamos a ficar inquietos.”