Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’

BANCO

A origem do termo banco, para designar instituição financeira, é a seguinte: Os antigos cambistas faziam as suas transações nas praças públicas, e contavam o dinheiro sobre os bancos. Daqui veio o nome ao primeiro estabelecimento de crédito, que foi instituído em Veneza, no ano de 1157. O banco de Veneza (banca del giro) foi definitivamente organizado em 1587.

SERÁ O BENEDITO?!

A interjeição, muito popular no Brasil em certa época, exprimindo grande admiração por algo, teria se originado da indicação por Getúlio Vargas, do político relativamente desconhecido na ocasião, Bendito Valadares, para o governo de Minas Gerais em 1933. Como havia muitos nomes na disputa pelo governo mineiro, Getúlio escolheu Benedito para não desagradar nenhum dos favoritos e seus apoiadores. Com a indicação, a população começou a se questionar, surgindo então a famosa frase:

Será o Benedito?!

PUXA-SACO

A bajulação, na gíria do Brasil colonial chamava-se “engrossamento”. Depois, na República Velha, passou a ser “chaleirismo” ou “chaleiramento”. O termo parece ter vindo dos aduladores do senador gaúcho Pinheiro Machado, figura política mais influente da sua época, que disputavam a tapa o privilégio de carregar-lhe a chaleira, e repor a água do seu chimarrão.

Só a partir dos anos 30 do século XX, foi que se popularizou o termo “puxa-saco”. O humorista Nestor de Holanda, que escreveu um tratado sobre o assunto (“O Puxa-saquismo ao alcance de todos”), afirma que a origem do termo não é tão escabrosa como pode parecer à primeira vista. Segundo ele, a expressão vem dos tempos em que era moda o casaco folgado, solto, não cintado, conhecido como paletó-saco. Os homens importantes adotaram a moda. Seus bajuladores viviam atrás deles, como que a puxar a ponta do paletó saco.

De qualquer forma, a expressão deu origem a um ditado de extrema sabedoria: “O saco do chefe é o corrimão do sucesso”.

O “LANTERNINHA”

A expressão lanterna ou “lanterninha”, significando o último colocado num campeonato esportivo, particularmente de futebol, teria se originado no antigo (e extinto) jornal de esportes “Gazeta Esportiva”, de São Paulo. Naqueles velhos tempos, as matérias abordando o Campeonato Paulista costumavam ser ilustradas pela caricatura de um trem, onde o líder do campeonato era a locomotiva (geralmente o Palmeiras), o 2º colocado o tênder, o 3º colocado o primeiro vagão, e assim por diante. O desenho mostrava, pendurado atrás do último vagão da composição, uma lanterna. E, por essa razão, o último colocado no campeonato era descrito sempre assim: “e o lanterninha do campeonato, é o time tal” (freqüentemente o Jabaquara…).

Há quem assevere , contudo, que o termo de gíria já existia antes disso, pois havia já no século XVIII, por razões de segurança, a obrigatoriedade de todos os veículos – de barcos fluviais a carruagens – carregarem uma lanterna vermelha acesa na sua traseira, para trafegar à noite.  A lanterna “de popa” era, pois, a última coisa que vinha…

PÁRA-QUEDISTA

A expressão de gíria designa o funcionário que – nas atividades mais pacatas e terrestres -,  entra na empresa ou órgão público já sendo “chefe”; driblando os trâmites regulamentares exigido do resto dos mortais: concurso público, fase probatória, experiência, tempo de serviço, etc.

Na estrutura burocrática oficial do tempo do Império, os funcionários faziam carreira, e a conquista de um cargo de chefia implicava em ter labutado antes longos anos nos escalões inferiores.

Artur Azevedo, por exemplo, embora já ilustre teatrólogo, jornalista e escritor;  só foi promovido a chefe de sua seção (um posto modesto, até então exercido por Machado de Assis), após ter passado mais de trinta anos como amanuense. Tanto que a promoção foi-lhe de breve valia: Azevedo veio a falecer uma semana após sua nomeação!

Com o advento da República, porém, tudo mudou: para ser chefe bastava ser militar, ou  ter boas relações nas oligarquias dominantes. De uma hora para a outra, um indivíduo, totalmente alheio ao serviço público, já entrava neste como “chefe”.

Como por volta de 1900, fossem muito comuns no Rio os espetáculos de pára-quedistas europeus, que jogavam-se de balões (um dos muito modismos da época no campo das diversões, como as “mágicas” teatrais e ou as touradas), alguém, provavelmente um colega preterido em suas aspirações, lembrou-se de fazer a analogia.

MACACO

De onde vem o termo macaco? A origem é incerta, mas acredita-se que tenha vindo de uma língua africana, provavelmente o banto (por exemplo: no quinguana, falado no Congo, temos makako, indicando um símio).

O fato é que o macaco, por ser o animal mais semelhante ao homem, presta-se a uma série de fábulas e anedotas. E achamos o macaco o animal mais engraçado, exatamente porque nos vemos nele. O macaco seria uma “caricatura” do homem.

Assim, nos parecerem agitados, irracionais, ridículos, escandalosos, etc., deram origem a uma série de expressões e termos de gíria: As moças que costumam freqüentar os programas de auditório (gritando e tendo xiliques, ao verem seus ídolos da música ou da TV, no palco), são apelidadas macacas de auditório; de quem, um certo dia, parece estar particularmente irritado ou desequilibrado, diz-se que está com a macaca; dos loucos dizemos que tem macaquinhos no sótão, etc., etc.