QUE AMOR DE RAINHA!

A rainha Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, de temperamento infernal, nunca escondeu o seu desagrado pelo Brasil. Ao pisar o largo do Paço e ao ver a multidão que a recebia carinhosa e hospitaleira, chorou e chorou publicamente “de vergonha por ver-se transformada em rainha colonial”. Nunca lhe fomos mais do que um bando indecente de negrinhos desprezíveis. E, quando em abril de 1821, os soberanos embarcaram de volta para Portugal, ela, no escaler real, ergueu as mãos para os céus, gritando num dos seus rompantes de histeria:

            – Graças a Deus vou rever terras habitadas por gente!

A bordo, repetia que, ao chegar a Lisboa, tinha receio de verificar que estava cega, pois:

            – Durante treze anos vivi no escuro, “vendo apenas mato e negros”!

 Ao saltar nas plagas lisboetas, arrancou os sapatos dos pés e atirou-os ao Tejo, explicando:

            – Não quero pisar em “terra de gente” com sapatos que pisaram aquelas terras!

Realmente, “uma flor”, a maluca…