APRENDER A NADAR

El-rei D. José um dia travou discussão com o velho marquês de Ponte de Lima, acerca do poder que o rei tinha sobre os seus vassalos, sustentando o rei que esse poder era ilimitado, opondo o marquês uma negativa formal fundada em várias razões a que o monarca não sabia o que replicar.

A discussão foi azedando e, a certa altura, D. José, querendo exemplificar a sua tese, disse muito irritado para o marquês:

– Se eu lhe ordenasse que fosse atirar-se ao mar, o marquês deveria cumprir imediatamente, e sem a mais leve hesitação a minha ordem.

Com grande espanto dos fidalgos que assistiam à contenda, o marquês, em vez de replicar, dirigiu-se bruscamente para a porta do salão.

O rei, não menos admirado que os seus cortesãos, perguntou-lhe surpreendido:

– Aonde vai?

– Aprender a nadar, meu senhor.

Uma estrepitosa gargalhada sublinhou a espirituosa resposta, e o rei deu a discussão por terminada.