TROCA
O Conde da Cunha era desabusado e violento, sem prejuízo dos seus sentimentos de justiça. Administrava ele um dia em pessoa as obras do palácio dos governadores, quando viu subir o morro da Conceição um gordíssimo comerciante, esparramado numa cadeirinha carregada por quatro franzinos negros, que suavam e bufavam sob o peso formidável do senhor.
Mandando parar a liteira, o Conde intimou o comerciante a deixá-la:
– Saia!
E ordenando a um dos escravos mais fatigados:
– Entre, você!
E para o comerciante:
– Agora, pegue ali no pau com os outros, e carregue o preto!
O comerciante obedeceu, que ele não era bobo nem nada…