COMO ESTÁ MUDADO

Um rústico português radicado no Brasil há vários anos, sentindo muita falta da família que ficara em sua terra natal, quis possuir o retrato do seu pai. Para tanto, certo dia procurou um pintor, e pediu-lhe que retratasse o seu genitor.

O artista (que era um borra tintas, e um maroto), baseado em escassas e rápidas informações, prontificou-se a executar o trabalho.

Decorrido o prazo, o pintor apresentou um retrato velho que tinha ha anos sobre um cavalete, como sendo o encomendado. O português fixou o quadro visivelmente surpreso. Era completamente diferente da lembrança que tinha do pai que deixara na terrinha.

– É aquele, o meu pai?!! – estranhou.

– Sim, senhor, é aquele.

– Tem certeza de que é ele? – insistiu o luso.

– É ele, asseguro-lhe.

E assim, entre soluços e lágrimas, o português sacou da algibeira o dinheiro para pagar o precioso retrato, exclamando choroso:

– Coitado do meu pai!… Como está mudado!…Ó como está mudado o pobre do meu pai!…Pobrezinho do meu pai, como está mudado!…