DO INFERNO
Certo engenheiro andou cavando a concessão de uma estrada de ferro. Quase todos os dias, aparecia em palácio, para lembrar. Nos Jardins do Itamarati, Deodoro recebeu o cacete. Cumprimentou-o e mandou que esperasse um instante. Virou-se para um oficial que estava a seu lado e disse, como se reatasse uma explicação:
– Como ia dizendo, o senhor fica avisado: não concedo mais honras de Coronel do Exército a ninguém.
O oficial, espantado, sem entender, gaguejou um tímido “sim, senhor”. E Deodoro prosseguiu:
– Quanta a estradas de ferro, ouviu?
– Sim, senhor.
– Só darei concessão para uma estrada que parta do Inferno e vá terminar na casa da mãe de quem a pedir. Ouviu?
– Sim, senhor.
– Agora, pode retirar-se.
O oficial fez continência, caiu fora sem entender coisa alguma, e o engenheiro desistiu…