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VÍTIMA DO DEVER

Na instrução que dá sobre o senso do dever, o sargento pede a um dos recrutas que dê um exemplo de alguém que tenha tido “o dever acima de tudo”.

– O meu pai – responde o inquirido.

– Teu pai? Que história é essa?

– Sim, senhor; o pai sempre foi um homem de dever. Devia tanto que levaram-lhe tudo o que tinha, e ainda não chegou para pagar os credores!

RECOMPENSA

Um rapazola, com um gato gordo ao colo, toca a campainha da casa de uma velhinha:

– Dê-me qualquer coisinha, minha senhora – pede ele, quando ela atende.

– Não tem vergonha de pedir esmola com essa idade?

– Eu não estou pedindo esmola. A senhora disse que dava uma recompensa a quem lhe trouxesse o seu canário. Pois ele está na barriga do meu gato…

CLÁSSICA BRASILEIRA

Após infrutífera procura, pergunta um marido à sua mulher:

– Querida, onde você guardou o chá?

– Você não sabe encontrar nada, mesmo. Está na cozinha, na prateleira onde ponho os fósforos, numa caixa de biscoitos em que está escrito “chocolate”.

O marido retoma a busca na direção indicada, mas volta derrotado. Com um suspiro, a mulher deixa de lado o que está fazendo, e vai à cozinha. Sob o nariz do marido, abre uma lata.

– Vê, como era fácil? O chá se encontrava na lata do açúcar, onde está escrito “sal”. Mas, quando não se quer achar o que se procura…

CLÁSSICA BRASILEIRA

O pai do aluno é chamado no colégio pela professora do filho.

– Mas, afinal, o que foi que o Tonico andou fazendo? – pergunta ele.

– O seu filho é muito debochado! O senhor acredita que eu perguntei a ele quem matou Tiradentes, e ele teve o desplante de responder: “Eu não fui”?

O pai pigarreia, e responde:

– Olhe, senhora professora, meu filho pode ter muitos defeitos, mas mentiroso ele não é. Se ele disse que não foi ele, é porque não foi ele mesmo.

EXPERIÊNCIA PRÓPRIA

Um miliciano da província dirige-se ao seu sargento e lhe diz:

– Com sua licença, meu superior: é verdade que lá na Corte uma refeição de taverna custa uma fortuna, e uma xícara de chocolate os olhos da cara?

– É a pura.

– E, se não for desrespeito perguntar-lhe: alguma vez o senhor tomou um chocolate desses?

– Aproximadamente.

– Não entendo.

– Vou dizer: o furriel, que por chamado de Deus morreu, era meu compadre, e ele tinha um irmão, ainda que filho da primeira mulher do seu pai; o qual estando de ordenança de um capitão no Rio de Janeiro; o capitão tomava todos os domingos um desses chocolates; e uma vez o furriel me contou.

PREOCUPAÇÃO DESNECESSÁRIA

Um moribundo chamou a sua mulher, e disse-lhe:

– Eu faltando, ficas sem arrimo. És jovem, voltarás a casar-te e eu não vejo mal nisso. Mas queria que não te casasses com o Roque, por ser homem malquisto por todos.

– Ah, marido, não te preocupes com o Roque – respondeu ela. – Podes morrer tranqüilo, que eu sou mulher de palavra, e já estou comprometida com outro.