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PRIMÁRIO

Um cocheiro, que estava sendo julgado pelo assassinato de sua mulher e de sua madrasta, senta-se no banco dos réus. O defensor abstivera-se de implorar pelas circunstâncias atenuantes. A culpabilidade era clara, evidente, palpável.

– Acusado, – disse o presidente do júri – tendes alguma coisa a acrescentar em vossa defesa?

– Uma só frase, meus bons juízes; levem em consideração que eu já tenho mais de cinqüenta anos, e é a primeira vez que isso me acontece.

SABE-SE LÁ

Uma das mais belas atrizes do Rio declarou uma guerra brutal aos charutos e aos fumantes.

Um dia desses um jornalista fumava na sua frente.

– Como podes fumar desta maneira, – disse ela – não percebes que estás destruindo o teu organismo?

– Oh! Não – replicou ele – o meu pai fuma todos os dias, e está com setenta anos.

– Sim, mas se ele não fumasse, sabe-se lá se já não estaria com oitenta!…

BARBEIROS

Um músico, convidado para um serão musical, se apercebeu em lá chegando que tinha esquecido a partitura do Barbeiro de Sevilha, de que ele ia necessitar.

Ele mandou um mensageiro levar um bilhete ao seu criado, nestes termos: “Envie-me o barbeiro sem demora.”

Passa-se uma meia-hora.

O porteiro vem prevenir o músico de que alguém deseja falar-lhe. Ele deixa o salão e dá de cara com um desconhecido.

– É com o Sr. X… que eu tenho a honra de falar?

– Ele mesmo.

– Eu venho da parte do seu criado, que me disse para vir o quanto antes… Eu sou o barbeiro… É para a barba ou para o cabelo?

INGRATA

Uma dançarina do L’Alcazar, fazendo agora sua fama, veio a receber de seu protetor um magnífico coche de oito molas e um par de cavalos castanhos de grande beleza.

Como ela parecia não manifestar o mais tênue reconhecimento pelo presente, disse-lhe sua mãe:

– Então, mostre-se mais amável! Mais reconhecida! Minha criança; se não por você, por sua mãe, ou ao menos pelos cavalos.

SENDO ASSIM…

Diálogo dentro da cozinha de uma cocotte carioca:

– Catarina, você deve evitar servir-se da prataria para tarefas da cozinha, agora mesmo você mexeu o molho com uma colher de prata.

– Mas, madame, ela já estava suja.

DA MESMA FORMA

– Certamente que eu conheço a moral! – disse um dia mademoiselle Ang… do L’Alcazar, em meio a uma discussão com o seu amante, a quem ela tinha minotaurizado.

– Sim, – respondeu maldosamente o Sr. Comerciante, vítima da tal traição – meio assim como os ladrões conhecem a Polícia.