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ENFIM ENTENDERAM
Nestor de Holanda conta a história do alfaiate cearense que se instalou em Londres, com uma grande tabuleta na porta do estabelecimento: “Mr. Paiva”.
Os fregueses só o chamavam “Peiva”.
Ele trocou a tabuleta para “Peiva”.
Os fregueses passaram a chamá-lo “Piva”.
Ele mudou para “Piva”.
E, aí, voltou a ser “Paiva”…
A VELHA
Orlando Silva foi cantor das multidões. Aonde ia, os admiradores o acompanhavam, aos gritos e desmaios. E Orlando citava sempre, com o maior carinho, sua bondosa e virtuosa genitora, dona Balbina, porque, filho extremado, não era raro era visto em companhia da respeitável senhora.
Um dia ele foi pagar a conta da Light. O homem do guichê exigiu que ele apresentasse a conta velha, do mês anterior:
– Amanhã, traga a velha, para confrontar.
No dia seguinte, ele apareceu com dona Balbina.
NOVO TECIDO
Uma tarde, Orlando Silva apareceu no Café Nice, vestindo bonita camisa de seda. O compositor e médico Alberto Ribeiro, ao verificar que o cantor suava demais, apontou sua camisa molhada e comentou:
– Não estás suportando esta canícula.
Orlando achou linda a palavra. Momentos depois, outro amigo se aproximou e elogiou a camisa:
– Bonita seda!
Orlando protestou:
– Seda, não. Isto é canícula, no duro!
QUEM NÃO QUER?
No tempo dos programas musicais ao vivo, no rádio, Roquete-Pinto, que era diretor da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, ouviu, certa noite, o popularíssimo Francisco Alves cantar:
– “Eu quero uma mulher bem nua, bem nua, etc.”
Telefonou para a emissora e mandou suspender o programa.
No dia seguinte, o seresteiro foi falar com ele:
– Dr. Roquete, estou meio aborrecido, porque o senhor cortou minha audição.
– Fui obrigado, Chico.
Disse por quê:
– Uma mulher bem nua todos nós queremos. Mas não se pode anunciar isso pelo rádio.
COISA VELHA
Certo poeta mostrou versos seus a Heráclito Graça. Este leu a papelada, e, depois disse:
– Quer um conselho? Pendure a lira no salgueiro e desista.
O poeta rebelou-se:
– É porque você não entende disso. Meus versos são novos.
– Novos?! – fez Heráclito. – Engano seu. Desde menino ouço dizer que asneira é coisa velha!
SENADOR “AINIGMÁTICO”
Num comício, na Paraíba, da campanha eleitoral do senador Ruy Carneiro, no qual tomou parte o deputado padre Medeiros Neto, este, como todo político do interior que se preza, improvisou:
– O senador Ruy será eleito. Porque ele tem o “R” da Renúncia, o “U” da União e o “Y”… e o “Y”…
Engasgou-se, mas completou:
– … o “Y” do ainigma grego.