Arquivo da Categoria ‘De 1500 a 1600’

MANTEVE A PALAVRA

Jurava a seu confessor uma donzela, que não se entregaria a nenhum homem, mouro ou cristão.

Pouco depois, entregou-se a um judeu; e às severas censuras do clérigo, replicou com tanta razão quanto malícia, que não havia faltado ao seu juramento.

REDIMIDO

O seguinte epitáfio de um bispo espanhol, falecido em Portugal, manifesta o ódio que os portugueses tiveram em certa época, por razões políticas, aos espanhóis. Diz assim: Aqui jaz um Bispo Castelhano, que se naturalizou português para poder morrer na graça de Deus.

JEITINHO BRASILEIRO

O proverbial “jeitinho brasileiro” surgiu já na carta de Pedro Vaz de Caminha a El-rei Dom Manuel, quando , no seu final, (depois de muito ter bajulado Sua Majestade), encaixa o pedido de um emprego para o genro, que se encontra em Portugal, e precisa dar maior conforto à sua filha…

DEVIA PRENDER A SI MESMO!

Existia na cidade do Porto um cidadão mantido pela câmara com obrigação de agarrar os vadios e pô-los a trabalhar.

Porém, D. João III ficou sabendo que o tal cidadão passava os dias nas tabernas, confraternizando com os que deveria prender, comendo assim o mantimento sem trabalhar, e mandou sindicar da vadiagem deste “terror dos vadios”.

PERDA TERRITORIAL

Don Francesillo era o bufão de Carlos V da Espanha. Pediu para ser recebido na câmara real certo dia, um cavalheiro muito vão e senhor de poucas terras, na fronteira portuguesa, e disse o bufão a El-rei:

– Convém que Vossa Majestade me dê licença para eu abrir-lhe a porta, porque se ele se aborrece, é capaz de colocar todas as suas terras numa cesta e mudar-se para Portugal.

S. PEDRO

D. João III discutia, por brincadeira, com sua mulher, a rainha D. Catarina, se S. Pedro era português ou espanhol.

El-rei dizia:

– Era português.

A rainha, advogando a honra da sua pátria, exclamava:

– Era espanhol.

Nisso entrou na sala o conde de Vimoso, e D. João III perguntou-lhe:

– Que te parece?

– É Sua Majestade a Rainha quem tem razão: São Pedro era espanhol, porque se fosse português, não negava a Cristo!