Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’

DOCE PATUÁ

Os escravos africanos falavam o português de uma maneira toda sua, onde o “z” substituía muitas vezes outras consoantes. Como neste exemplo, do parolar da escrava Francina, relatado por Luís Edmundo:

            – Sinhô ta cum dô di denti? Óie, seu Zuão teve assim. Botou creosotes, não passou; botou iodes, não passou; botou acide fênis, também não passou. Pegou rancou, passou.

PROVÉRBIOS AFRICANOS

Certos provérbios populares das regiões da África de onde vieram os escravos para o Brasil, revelam o seu espírito:

  • A mulher é como a abelha: uma hora dá mel, outra dá ferroadas.
  • Um macaco coberto com a pele de um carneiro é sempre um macaco.
  • Quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama.
  • O elefante é enorme, mas a selva é maior.
  • Quem não sabe dançar, diz que os tambores estão sendo mal tocados.
  • Se o galo não cantar na alvorada, o dia nascerá do mesmo jeito.
  • Se você pensa que é muito pequeno para impressionar, passe uma noite cara a cara com um mosquito.
  • O mundo pode mudar, mas gato nunca vai botar ovo.
  • Achar graça do traseiro do vizinho não é crime, mas chamar a família a fazer o mesmo não é certo.
  • Não digas ao homem que te carrega nas costas que ele fede.
  • O fedorento nunca sente o cheiro do próprio sovaco.
  • Espere até atravessar o rio, antes de zombar do crocodilo.

 

DIZ TUDO

Na época em que os escravos africanos foram trazidos para o Brasil, na língua do povo africano “denka”, os antropófagos eram chamados de “niam-niam”. A palavra é claramente uma onomatopéia, pois até hoje usamos a expressão niam-niam (ou nham-nham), com o significado de comida, ou comer. Isso porque aquele povo era conhecido por, quando capturavam um prisioneiro, matarem-no e.. niam-niam!

APELIDO AFRICANO

Na sua África nativa, em liberdade, os negros constituíam um povo naturalmente alegre e propenso a rir à toa.  

Certo europeu dos tempos coloniais, particularmente magro, foi cognominado de Sr. Bissi Yméné, que significa: A carne acabou ali.”

CELEBRIDADE

A partir de 1600, começaram a vir da África os primeiros negros escravos, para realizar o trabalho nos engenhos. Um dos aspectos mais trágicos do comércio de escravos africanos, era o fato de os escravizados serem seqüestrados e vendidos aos brancos, por outros africanos, “chefetes” de tribos tolos e sem nenhum senso de moral. Como revela esta anedota:

Os oficiais de um navio destinado à escravatura na costa de Guiné, dirigiram-se ao chefe de uma tribo de negros, para ajustarem escravos. Todos esses chefes de tribo queriam ser príncipes.

“Sua Alteza” recebeu os oficiais em grande cerimônia: o seu trono era um tronco de árvore, seu manto real um pedaço de pano que mal lhe cobria os rins, e as suas guardas três ou quatro selvagens armados de azagaias. Depois que os oficiais lhe disseram ao que iam, lhes perguntou ele:

            – Então? Fala-se muito de mim lá na Europa?


ACORDA PATETA!

D. João, duque de Bragança, hesitava em aceitar a coroa de Portugal que lhe era oferecida.

            Sua mulher, Luisa de Gusmão, lhe disse:

            – Por que titubeais? Vale mais ser rei de Portugal um quarto de hora, que duque de Bragança cem anos!