Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’

A VERDADEIRA PRISÃO

Certa época o Marquês do Pombal colocou todas as ordens religiosas sob ameaça de uma proscrição, igual à que impôs aos Jesuítas. Buscando ele motivos para proceder contra a Congregação do Oratório, mandou, entre outras averiguações domiciliarias nas casas dela, indagar o estado da prisão privada, supondo que deveria havê-la como em todas as ordens religiosas. O ministro visitador pedia as chaves do cárcere ao prelado superior, mas este respondeu-lhe:

– A porta do cárcere é aquela! – apontando para a da rua.

O TROCO

O Vice-Rei de Nápoles ouvira dizer que havia na cidade um cirurgião engraçadíssimo, e mandou chamá-lo com o pretexto de que o barbeasse. Veio o barbeiro, e enquanto o barbeou, manteve-se muito sério e em silêncio. Em vista do que o Vice-Rei pensou que o haviam enganado, e que aquele homem era um estúpido. Despediu-o e, com desprezo, deu-lhe uma mísera moeda de um oitavo. O barbeiro recebeu a moedinha com o maior respeito, e tendo-a mirado e remirado, perguntou ao Vice-Rei:

– Senhor Excelentíssimo, quanto tenho que dar de troco a Vossa Excelência?

Com esta, o Vice-Rei caiu na gargalhada, e o pagou liberalmente.

EPA!

Uma dama de escassa cultura, querendo elogiar a uma velha marquesa que fora agraciada com uma comenda da Igreja, disse-lhe, para ressaltar seu merecimento:

– Também gostaria de receber tal honraria, mas não sou tão meretriz como Vossa Senhoria. 

PENTEADO

De uma dama, que usava um penteado altíssimo, alguém disse que ela havia encontrado o segredo para colocar a cabeça no meio do corpo.

PERNAS VALENTES

Um homem, que costumava vangloriar-se de seu valor, fugiu em certa ocasião do seu adversário; e uma das testemunhas de suas fanfarronadas que o viu correr, lhe gritou:

– Onde está esse valor?

E ele, sem deixar de correr, lhe replicou:

– Nas pernas!

VOCAÇÃO ERRADA

Houve um conselheiro municipal, que descuidava das obrigações do seu ministério, por dar-se demasiado à música; tocava primorosamente o violino. E para satirizá-lo do mau cumprimento de suas obrigações, diziam que ele era o primeiro violino do Conselho Municipal.