Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

TESTAMENTO


                        Um rico velho avarento

                        Já bem perto de expirar

                        Para fazer testamento

                        Mandou o tabelião chamar.

 

                        Com timbre de voz roufenho

                        Diz o velho a suspirar:

                        “Deixo tudo quanto tenho…”

                        E não podia acabar.

 

                        O tabelião cansado

                        Do seu tempo em vão gastar

                        Tendo escrito, diz, zangado:

                        “E o resto?… Queira ditar!”

 

                        “Deixo tudo quanto tenho…”

                        – o velho torna, a chorar-

                        Pára um pouco e diz, roufenho:

                        “porque não posso levar”. 

 

POLICIAL NATO

O escravo comunica ao seu amo:

– Nhonhô, peguei um ladrão.

– Onde está ele?

– Voltou a fugir.

– Então, vai te alistar na polícia.

PRECAUÇÃO

Um guarda urbano, encostado à guarita, ao ver aproximar-se um vulto suspeito, avisa:

– Se é gatuno, passe de largo!

E A MIM?

Na rua, um janota acariciando o rosto de uma adolescente, diante de um pedinte de almas que se afasta com sua bandeja de santos na mão, diz:

– Sinhá, para que beijar estas imagens? Quem sabe quanta gente e que gente! As beijou hoje. Faça como eu, que gosto mais de beijar uma carinha bonita como esta…

– E o senhor sabe também quem me beijou hoje?

A MESMA

De janeiro de 1829 a maio de 1833, esteve à frente da prisão da Torre de S. João da Barra, o bronco oficial Teles Jordão. Tão ardoroso defensor da Rainha que costumava bradar a quem quisesse ouvir: “Viva Dona Carlota Joaquina” e “Morra a D. Pedro I e a puta que o pariu”!

 Ninguém se aventurava a lembrar o inflamado mancebo, que a puta que parira D. Pedro I fora a mesma a quem ele dava vivas…

SABES?

Jantavam às primeiras horas da tarde, uma jovem senhora e seu filho. Diz a mãe ao menino:

– Meu filho, deves rezar sempre que acabares de jantar. Sabes que oração?

E a criança:

– Sei mamãe. São cinco horas e meia.