Arquivo da Categoria ‘De 1900 a 1950’

ARTE

Numa exposição artística, um dos visitantes apreciando um dos quadros, comenta com o homem que está ao seu lado:

– Aquele quadro é uma esplêndida borracheira, não acha?

– Perdão! O senhor não sabe, de certo, que está falando com o autor dele!

– Mil perdões! O que é fato é que eu, de pintura, não entendo absolutamente nada. Limito-me apenas, a repetir, o que ouço dizer a toda a gente!…

QUE MANIA!

Conversam dois amigos num bar:

– Que maldito costume tem o Nunes. Responde às perguntas que se lhe fazem, com outras perguntas!

– Nunca dei por isso.

– Ora essa! Ontem perguntei-lhe se me emprestava dez mil réis. Em vez de me responder, perguntou-me: se eu imaginava que ele era tolo?

DIFERENÇA

Diz o dono do botequim ao freguês que pediu um cálice de conhaque:

– V. Exª deseja conhaque de tostão ou de dois tostões o cálice?

– Que diferença há?

– O conhaque é o mesmo; a diferença é que o de dois tostões serve-se em cálice limpo!…

MACABRO

Rui Barbosa viajava pelo interior a cavalo, quando deu com um rio, em que não havia ponte. Para cruzá-lo, as pessoas só podiam contar com a canoa de um preto velho.

Rui aproximou-se do homem e disse-lhe:

– Ó varão etíope! Careço de teus préstimos para dar prosseguimento à marcha, eis que obstruído pela líquida barreira!

– Como é que é, patrão?!… – respondeu o barqueiro.

– Ignaro! Digo: o quanto exiges de remuneração pecuniária para transladar-me sobre a massa hídrica, deste pólo àquele hemisfério?

O preto esbugalhou os olhos e arrepiou-se:

– Credo, patrão! Pro cemitério? Eu não!…

RESPOSTA

Uma tarde, num julgamento em que ele era advogado, Afonso Costa tentou brincar com uma testemunha, por sinal um cônego piadista que não tinha papas na língua. Esgrimiram os dois com ironias várias, até que Afonso Costa, pretendendo embaraçá-lo, lhe disse a sorrir:

– A testemunha tem a habilidade de bater uma no cravo outra na ferradura…

Resposta imediata do cônego:

– É que o Sr. doutor não fica com o pé quieto…

Afonso Costa teve que rir, e o tribunal caiu na gargalhada.

CUIDADO!

Do lendário e folclórico advogado, poeta e boêmio cearense, Quintino Cunha, sobre quem muito já foi escrito, contavam-se infindáveis anedotas:

Num júri, o advogado de uma parte contrária procurou contestar Quintino Cunha com este argumento:

– Dr. Quintino, estou citando a lei! Estou montado no Código Civil!

E Quintino:

– Cuidado! Sempre ouvi dizer que não se deve montar num animal que não se conhece!…