Arquivo da Categoria ‘De 1900 a 1950’
VÍTIMA DO DEVER
Na instrução que dá sobre o senso do dever, o sargento pede a um dos recrutas que dê um exemplo de alguém que tenha tido “o dever acima de tudo”.
– O meu pai – responde o inquirido.
– Teu pai? Que história é essa?
– Sim, senhor; o pai sempre foi um homem de dever. Devia tanto que levaram-lhe tudo o que tinha, e ainda não chegou para pagar os credores!
RECOMPENSA
Um rapazola, com um gato gordo ao colo, toca a campainha da casa de uma velhinha:
– Dê-me qualquer coisinha, minha senhora – pede ele, quando ela atende.
– Não tem vergonha de pedir esmola com essa idade?
– Eu não estou pedindo esmola. A senhora disse que dava uma recompensa a quem lhe trouxesse o seu canário. Pois ele está na barriga do meu gato…
CLÁSSICA BRASILEIRA
Após infrutífera procura, pergunta um marido à sua mulher:
– Querida, onde você guardou o chá?
– Você não sabe encontrar nada, mesmo. Está na cozinha, na prateleira onde ponho os fósforos, numa caixa de biscoitos em que está escrito “chocolate”.
O marido retoma a busca na direção indicada, mas volta derrotado. Com um suspiro, a mulher deixa de lado o que está fazendo, e vai à cozinha. Sob o nariz do marido, abre uma lata.
– Vê, como era fácil? O chá se encontrava na lata do açúcar, onde está escrito “sal”. Mas, quando não se quer achar o que se procura…
CLÁSSICA BRASILEIRA
O pai do aluno é chamado no colégio pela professora do filho.
– Mas, afinal, o que foi que o Tonico andou fazendo? – pergunta ele.
– O seu filho é muito debochado! O senhor acredita que eu perguntei a ele quem matou Tiradentes, e ele teve o desplante de responder: “Eu não fui”?
O pai pigarreia, e responde:
– Olhe, senhora professora, meu filho pode ter muitos defeitos, mas mentiroso ele não é. Se ele disse que não foi ele, é porque não foi ele mesmo.
O SR. TOMÁS QUEIMADO
As pessoas influentes costumam serem assediadas por um tipo particular de chato, que procura forçar intimidade para dar-se importância ou auferir alguma vantagem.
Certo diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, um dia seguia pela Rua do Ouvidor, quando foi abordado por um desses importunos. O homem saudou-o efusivamente, enquanto o outro se esforçava para reconhecê-lo.
– Vejo que o meu caro não está me reconhecendo…
– Bem, eu…
– Veja lá! De onde?
– Eu…
– Confesse…
O pobre do diretor, homem educado que era, não querendo admitir que não lembrava:
– O amigo… Espera lá…
O amolador resolveu então dar-lhe pequena ajuda:
– É natural que o senhor não se lembre… Tou mais queimado…
O rosto do diretor iluminou-se, aliviado, e ele exclamou sorridente, sacudindo a mão do outro efusivamente:
– Oh, senhor Tomás Queimado! Como tem passado?
OVO DE COLOMBO
Havia um camarada que, a todo propósito, ou sem nenhum propósito, dizia logo:
– Isso é um verdadeiro ovo de Colombo.
Um dia, alguém já cansado de tanto ouvir aquilo perguntou:
– E você sabe o que é essa história do ovo de Colombo?
– Pra falar a verdade, não sei, mas posso jurar que esse seu Colombo, com esse diabo desse ovo, tem ganho muito dinheiro.