Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

LIÇÃO CAVALAR

O Chico criava cavalos de corrida, mas vinha tendo pouca sorte. Seus cavalos chegavam sempre nas últimas colocações nas corridas da Gávea, e o Chico estava perdendo dinheiro.

Assim, certo dia, resolveu dar uma lição aos animais. Levou toda a criação para as margens da Estrada de Ferro Central do Brasil, deixou passar vários trens em grande velocidade, e depois, virando-se para os cavalos, exclamou:

– Compreenderam, agora, o que eu quero que vocês façam?

QUER DIZER…

O político mineiro Benedito Valadares estava certa noite com alguns conhecidos, no Bar do Ponto, quando exclamou, espreguiçando-se:

– Bem! Já é tarde e eu vou me recolher aos braços de Orfeu.

Um amigo que estava perto dele, o corrigiu baixinho:

– Não é Orfeu, Benedito, é com eme…

Benedito não se deu por vencido:

– Quero dizer: Vou me recolher aos braços de Orfeom!

INCURÁVEL

Um sujeito muito cacete, certa vez, foi a um médico:

– Doutor, vim me consultar com o senhor porque dei para falar sozinho.

– Ora, meu caro! Isto não é doença; é preocupação. Qualquer um pode falar sozinho, quando tem problemas para resolver, quando está cansado mentalmente. Isto não é nada!

– O senhor diz que não é nada, porque não sabe como eu sou chato!

ORA PÍLULAS!

Um médico foi chamado para atender a um doente no campo. Prevenido da moléstia, levou consigo umas pílulas que deviam fazer bem ao paciente. Confirmado o diagnóstico, o médico entregou o remédio à esposa do homem, e disse-lhe:

– Isto não é nada. Dê-lhe uma dessas pílulas de hora em hora. Amanhã, estará bom.

– Mas, – disse a mulher, aflita e constrangida – é que não tenho relógio…

– E não tem um galo?

– Um galo?… Tenho sim, senhor.

– Então está servida: cada vez quer o galo cantar, dê-lhe uma pílula.

E saiu, prometendo retornar no dia seguinte. Ao retornar, o médico, encontrando a esposa do camponês de fisionomia prazenteira, indagou:

– Então, como vai o nosso homem?

– Muito bem, senhor doutor; mas o galo morreu.

– O galo morreu?! Mas, o que tem o galo com o remédio?

– Ora essa! Pois o senhor não me disse que cada vez que ele cantasse, lhe desse uma pílula? Foi o que eu fiz e, logo à terceira, foi-se.

CARTA DE GUIA DE CASADOS

Entre janeiro e março de 1650, D. Francisco Manuel de Mello escreveu a A Carta de Guia de Casados, a pedido de um noivo pertencente à fidalguia. E para matar o tédio durante os dois meses em que esteve preso na Torre Velha.

A obra emite conceitos tão esdrúxulos e preconceituosos, que nos dias de hoje só pode ser lida por curiosidade ou por brincadeira. O texto trata duma série de questões matrimoniais, (exclusivamente na visão do marido!), destinadas àqueles que se dispunham a enfrentar as vicissitudes do matrimônio.

Nela, D. Francisco, estribado na sua experiência mundana (era solteiro e conquistador!), dá conselhos vários; desde o governo econômico da casa, o trato com os criados, até o controle da mulher – a quem ele atribui a responsabilidade única pelos dissabores e desarmonias conjugais. Quanto aos maridos (pobres vítimas): nenhum reparo a fazer!

Segundo ele, à mulher cabe uma função totalmente subalterna à do marido, e num âmbito restrito às quatro paredes da casa. A seu ver, para ser feliz a mulher deveria ser anafalbeta e submissa!…

COM AS MULHERES: RÉDEAS CURTAS!

Na Carta de Guia de Casados, o bom D. Francisco classifica todas as esposas nas seguintes categorias, incluindo recomendações aos maridos das mesmas:

 – Brabas: as que mais dão trabalho ao marido para corrigir. “É de se  lamentar o fato de o castigo e a violência serem hoje, algumas vezes, mal vistos na gente de grande qualidade;

 – Feias: O remédio é simples: A feia é pena ordinária, porém que muitas vezes ao dia se pode aliviar, tantas quantas seu marido sair de sua presença, ou ela da do marido”;

– Néscias: A burrice natural na mulher é coisa pesada, mas não insuportável. Procure o marido emprestar de seu juízo, aquela discrição que vir que a ela falta. Mas, se o marido também for tolo, a mulher néscia não lhe causará prejuízo.

– Doentes – O marido deve ter paciência e tratar da mulher doente, (…) pois favor foi grande de Deus padecesse antes aquela parte que menos falta faria à família.

– Proluxíssimas : Para as geniosas, a solução é fácil: Convém que estas tais se lhes aperte o freio, e lhes dêem pouca mão no governo da casa. As geniosas causam problemas com os criados, e o marido terá que fazer a escolha:  a mulher ou os criados?

– Ciosas: O autor recomenda que os maridos sejam discretos nos suas escapadas, e não dêem razões para os ciúmes das suas caras-metades;

– Gastadoras: Deve uma mulher honrada tratar o dinheiro com aquele mesmo temor que ao ferro e ao fogo!  Pois por ali logo se vai ao fundo a família inteira. O recomendável é que a esposa não lide com dinheiro nunca.

– Apetitosas: Calma. São apenas as que hoje chamamos gulosas. E que por um bom petisco venderão o próprio marido. Regime alimentar nelas!

– Voluntariosa: Faça-se-lhes compreender que à sua conta não está o entender, senão o obedecer (…) – Curto e grosso.

– Ligeiras: Por este nome entende D. Francisco as “fáceis”, as excessivamente “gentís” com homens que não o marido, o pai, os irmãos e ou o padre. Observando: (…) porque não acho nome decente. Estas exigem do marido vigilância contínua! Dormir sempre com um olho aberto, é o ele recomenda.

– Formosas: Segundo o autor, as piores! Pois (…) saiba que tem perigosa mercadoria. E, por esta razão não faltou já quem duvidasse se a formosura se dava por prêmio, se por castigo. De qualquer forma: olho vivo e disciplina!