MANOEL TRINTA BOTÕES

O caricaturista português Rafael Bordalo Pinheiro chegou ao Rio de Janeiro em 1875. Na ocasião colaborou com a “Revista Fluminense”, ilustrou o “Mosquito” e, em seguida, publicou o jornal de caricaturas “O Besouro”. Rafael não tinha papas na língua, demonstrando grande habilidade na sátira política.

No “O Besouro” ele criou um tipo-emblemático, o Fagundes, representando o político brasileiro medíocre e oportunista. Com isso atraiu o rancor de políticos, como o senador Barão de Lavradio, que declarou, na Câmara, que “… o Brasil acolhia de bom grado os portugueses quando eles vinham de jaleco de briche de trinta botões oferecer-lhes o seu braço e o seu trabalho, mas que não precisava de janotas que ainda por cima lhe pagavam a hospitalidade com a agressão e o escândalo”

Rafael não se fez de rogado, criou o personagem Manoel Trinta Botões e, dois dias depois, apareceu na Rua do Ouvidor vestido com jaquetão azul abotoado com 30 enormes botões e calças brancas (as cores da bandeira portuguesa durante a Monarquia).