RUI VERBOSA
Rui estava em sua casa, certa noite, quando ouviu um cacarejar estranho no seu galinheiro.
Aproximando-se cautelosamente do galinheiro, com a bengala na mão, surpreendeu um ladrão que tentava fugir por cima do muro, com um saco de aves roubadas às costas.
O grande baiano imediatamente, dedo em riste, repreendeu o larápio:
– Ó delituoso pacóvio! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos galináceos, mas por ousares transpor os umbrais de meu domicílio, seqüestrando-me bípedes à sorrelfa e à socapa! Se o fazes movido por penúria, transijo; mas se for com o intuito de mofar de minha prosopopéia, dar-te-ei com este cajado no topo da sinagoga, até reduzir-te a massa encefálica em cadavérica!…
E o ladrão, coçando a cabeça, atarantado:
– Dotô, isso quer dizer que eu levo ou deixo as galinhas?