DUAS VEZES, NÃO!

Um rapazola se confessava e se acusava de haver estragado o cercado de seu vizinho para colher uns pêssegos.

Perguntou-lhe o cura se ele os havia colhido, e ele respondeu:

– Não, padre, porque ainda não estão bem maduros; mas penso colhê-los no sábado ao anoitecer, cuidando que o cercado não padeça; por isso entrarei pelo pomar do tio Maneca que fica ao lado.

O cura, sabedor das informações, foi mais rápido que o moço e colheu os pêssegos no sábado de madrugada, e o jovem se viu burlado.

Passados dois ou três meses, tendo que confessar-se novamente, o jovem retornou. E se acusou de que pensava pouco em Deus porque tinha todo seu pensamento voltado para uma moça muito bela.

– E quem é ela? – perguntou o padre.

– Ah não, padre! – gritou o moço com vivacidade. – Os pêssegos vá lá, mas quanto à moça; que me enforquem se lhe dou informações!