A FEIÚRA DO PECADO
Costumavam freqüentar a missa da qual frei Bastos Baraúna era incumbido do sermão, uma senhora e suas duas filhas. Da mais alta sociedade, riquíssimas, muito orgulhosas, (só assistiam aos serviços divinos das tribunas reservadas)… mas muito feias, feiíssimas!
Pois frei Bastos, em certo domingo festivo, com a igreja transbordante de fiéis, sobe ao púlpito e, erguendo os olhos, ergue também os braços e, as pupilas fixas nas caras das ricas e orgulhosas damas, exclama a plenos pulmões:
– Como são feias, Senhor! Como são feias!
Diante daquilo a assistência em peso torceu-se em seus lugares e todos os olhos dirigiram-se para a tribuna solene. As damas visadas entreolhavam-se, aflitas.
E frei Bastos, imperturbável, os olhos sempre fixos nas ricaças, os braços abertos:
– Como são horrorosas!
Já se erguiam as damas para fugirem aos escândalos, quando o padre, descendo os braços e desviando o olhar, continuou, com toda a naturalidade:
– Sim, como são horrorosas… as almas em pecado mortal!