COM TEIAS

Emílio de Menezes ia ao final de todos os meses ao Tesouro para receber do salário de um cargo público que exercia. E ao entrar ali era sempre abordado por um sujeito que, chorando as suas misérias, conseguia extorquir-lhe uma cédula de cinco mil réis.

Certa vez o mordedor exagerou nas suas lamentações:

– O senhor não imagina – gemia, – o que eu tenho passado. Basta dizer-lhe que há quinze dias não como!

– O que, homem? – espantou-se o poeta.

E para os funcionários:

– Este camarada com certeza já está com teias de aranha no céu da boca!…