CONDE DE NARANJO

No século XVII, contavam-se muitas anedotas a respeito do conde de Naranjo.

Conhecendo o senhor cura a sua notória estupidez, preveniu-o um dia que aprendesse, pelo menos, o Pai Nosso e os Sete Mandamentos, porque se não os soubesse não poderia aprová-lo no exame para freqüentar a paróquia.

O conde retirou-se para casa meio desesperado. Como sua mulher queria saber a causa de seu desgosto, disse-lhe:

– Que queres que eu tenha? Não é coisa estranha que nosso cura seja dado à mania de que todos devemos ser teólogos? Como há de confessar-se um homem como eu, que não estudou?

Este bom conde foi em outra ocasião confessar-se. Conhecendo o sacerdote a rudeza do penitente, perguntou-lhe:

– Sabeis vós os Sete Mandamentos?

– Qual! Isso seria saber muito!

– É possível que um cavalheiro como vós ignore uma coisa tão essencial?!

– Tende razão, padre; porém eu deixei de aprendê-lo porque correm boatos de que vão ser suprimidos.