IMPERDOÁVEL

Um rei de Portugal que tinha que escrever uma carta ao Papa, chamou a um de seus cortesãos, dizendo-lhe:

– Visto que sabeis sobre o que há de versar a correspondência, escrevamos uma carta cada um, e a que resultar melhor escrita é a que enviaremos ao Pontífice.

Assim o fizeram, e o próprio rei teve de reconhecer que não era a sua carta a preferível, e o admitiu no ato.

O cortesão só lhe respondeu com uma profunda reverência; porém imediatamente correu a despedir-se de seu melhor amigo, dizendo-lhe:

– Vou me expatriar, porque estou perdido. O rei constatou que tenho mais talento do que ele e nunca irá me perdoar.