INJUSTIÇA

Empobrecido, Gregório de Matos recorreu à generosidade dos senhores de engenho, dedicando-lhes versos aduladores, como sempre fazia quando estava em situação difícil. Mas certa vez um deles censurou-o pelo estado de penúria em que se achava, dizendo que cada qual é autor da própria fortuna, colhendo sempre o que semear. Ao que o poeta respondeu:

– Não há dúvida, mas é de si desgraçado aquele contra quem se conjura a malícia, que de tudo lhe fazem um crime. Por exemplo, ali vem um boi. Ele só tem um corno, como estamos vendo. Mas se eu lhe chamar boi de um corno, Deus me livre da indignação do seu dono.