PALAVRÃO
Guimarães Passos, depois de algumas libações alcoólicas, costumava passear sozinho na noite. Seguia pelas ruas desertas, percorria as praias, repreendendo o oceano ou declamando seus versos.
Uma noite, um guarda municipal, na certeza de que se tratava de um vagabundo, deitou-lhe a mão, interpelando-o:
– Aonde vai assim?
O boêmio fez um gesto vago:
– Urbi et Orbi… (à cidade e ao mundo…)
E o guarda, agarrando-o pelo braço:
– O quê?! Pois então está preso!
Na delegacia, apresentou-o ao delegado:
– Este indivíduo desacatou a autoridade, chamando-me de Urbi et Orbi!