SERESTEIRO

Na Porto Alegre antiga houve a moda das serestas que, de tão difundida, constituía verdadeira praga para as famílias que queriam dormir sossegadas à noite. Até que o Chefe de Polícia, Dr. Barros Cassal, resolveu dar um basta às cantorias noturnas: determinou que qualquer indivíduo encontrado à noite, com violão, fosse imediatamente trancafiado no xilindró como vagabundo.

Uma ocasião, um conhecidíssimo harpista italiano, já grisalho, de óculos, recolhia-se à sua residência, lá pela meia-noite, com sua harpa às costas. O velhote vinha bufando, vergado pelo peso do enorme instrumento, quando foi detido pela patrulha.

– Mas, signore – tentou argumentar o pobre – Io sono harpista, no sono vagabondo!

– Não tenho nada com isto – replicou o cabo no comando da patrulha. – Está preso! São ordens! Então eu havia de deixar você andar nas ruas com um violão deste tamanho?…