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Houve um conselheiro municipal, que descuidava das obrigações do seu ministério, por dar-se demasiado à música; tocava primorosamente o violino. E para satirizá-lo do mau cumprimento de suas obrigações, diziam que ele era o primeiro violino do Conselho Municipal.

Certo cortesão atravessava com seu filho um dos salões do palácio; encontraram nele um dos ministros, que se distraia em assoviar. Saudaram-no e ele apenas correspondeu com um ligeiro movimento de cabeça: a expressão de seu rosto era a de um homem que se considerava superior. Porém o mordaz cortesão, voltando-se para seu filho, perguntou-lhe:

– Não é verdade que o rei tem um ministro que assovia bem?

Vendo certo soldado uma grande cruz colocada entre duas tabernas, disse que haviam colocado Jesus Cristo entre dois ladrões. Ofendeu-se um dos taberneiros daquela expressão, mas o militar, apoiando sua mão no cabo da espada, lhe replicou:

– Procura ser o bom ladrão, e te salvarás.

Perguntaram a um necessitado: de que vivia?

E ele respondeu:

– Se me perguntassem de que morro, responderia que de fome.

Um criado, muito estúpido, era em casa de seus amos o joguete dos demais criados, que lhe imputavam a culpa de tudo de errado que eles mesmos faziam. Dito criado se desculpava tão tolamente, que dava lugar a crerem-no culpado, e por isso recebia péssimo tratamento. Disseram-lhe um dia, que a ama estava grávida, e ele pôs-se a chorar amargamente. Perguntando-lhe seus companheiros a causa do pranto, ele respondeu:

– Já vereis como me acham o culpado da gravidez da senhora.

Uma dama ofereceu um copo de vinho a certo cavalheiro muito bufão; porém ele não o quis tomar, dizendo:

– Quando o asno não o quiser, ninguém o fará beber.

Ao que replicou a senhora:

– Por isso mesmo eu não insisto.