Arquivo por autor

Um cavalheiro muito divertido estava sempre cercado de cortesãos, que acudiam para ouvir suas anedotas e novidades. Entre elas se apresentou um lacaio, e o cavalheiro o quis afastar do grupo, mas ele disse:

– Senhor, eu estou aqui guardando o lugar para o meu amo.

Duas senhoras, que passavam já dos cinqüenta, e que queriam ocultar sua idade, se visitavam anualmente cada primeiro dia do mês de janeiro, dizendo uma à outra: como que, amiga, que idade devemos ter este ano?

De um homem que falava mal de todo mundo, e que só comia em casa alheia, se disse: que não abria a boca que não fosse às custas dos outros.

Um homem, que costumava vangloriar-se de seu valor, fugiu em certa ocasião do seu adversário; e uma das testemunhas de suas fanfarronadas que o viu correr, lhe gritou:

– Onde está esse valor?

E ele, sem deixar de correr, lhe replicou:

– Nas pernas!

Certa ocasião, pleitearam os médicos com os advogados, em questão de precedência cerimonial. Perguntou o juiz às partes:

– Que ordem observam o ladrão e o verdugo, quando caminham a local de suplício?

– O ladrão segue na frente, e o carrasco atrás. – responderam unanimemente.

– Pois bem, – disse o juiz – então que o advogado anteceda, e que o médico o siga.

Um homem, condenado à fogueira pelo Santo Ofício, conseguiu escapar das mãos de seus carrascos. Não podendo fazer outra coisa, o queimaram em efígie. Naquele mesmo dia exatamente, atravessou o fugitivo uma das mais altas montanhas dos Pirineus; e depois dizia:

– Nunca tive mais frio, que no dia em que me queimaram na fogueira.