Arquivo por autor

ELE TAMBÉM…

Um alfaiate e um tecelão, que tinham sido grandes amigos, vieram a inimizar-se. Desde então, o alfaiate começou a dizer barbaridades do outro; porém este elogiava aquele constantemente, dizendo:

– Já que ele mente falando de mim, eu também quero mentir falando dele.

SÓ VENCIDO

Em conseqüência de uma disputa violenta sobre doutrinas políticas, enfrentaram-se a espadas dois homens. Depois de um instante de luta, um deles caiu ao solo. Correu a ele o adversário, e perguntou-lhe:

– Estás vencido?

– Vencido, sim, – respondeu o outro – mas não convencido.

CLÁSSICA BRASILEIRA

Um sujeito estava ameaçado de apanhar, por um desafeto forte e truculento.  Volta e meia, tinha de quebrar  a esquina, para não dar de cara com o outro. Levou anos nesse jogo. Até que um dia o outro o pegou de jeito, e deu-lhe a maior surra. Quando a vítima acabou de apanhar, sacudiu a poeira, aprumou-se todo, deu uma gostosa gargalhada de alívio, e exclamou:

– Graças a Deus, desta eu estou livre!

CLÁSSICA BRASILEIRA

Um especialista em peixes de rio estava num banquete, quando serviram pirarucu. Mal o garçom se aproximou, com a travessa, para servi-lo, ele perguntou, baixinho, identificando o peixe:

– Pirarucu?

O garçom, também baixinho:

– Tiraram, sim, senhor.

SOBREMESA

Na África, o caçador branco foi preso por uma tribo de antropófagos. Sentindo que ia virar comida, o branco disse ao chefe dos selvagens:

– Não me comam. Eu sou diabético, tenho açúcar no sangue. Isso fará mal à tribo.

– Açúcar no sangue? – retrucou o chefe. – Então vai ficar para sobremesa…

DUAS VEZES, NÃO!

Um rapazola se confessava e se acusava de haver estragado o cercado de seu vizinho para colher uns pêssegos.

Perguntou-lhe o cura se ele os havia colhido, e ele respondeu:

– Não, padre, porque ainda não estão bem maduros; mas penso colhê-los no sábado ao anoitecer, cuidando que o cercado não padeça; por isso entrarei pelo pomar do tio Maneca que fica ao lado.

O cura, sabedor das informações, foi mais rápido que o moço e colheu os pêssegos no sábado de madrugada, e o jovem se viu burlado.

Passados dois ou três meses, tendo que confessar-se novamente, o jovem retornou. E se acusou de que pensava pouco em Deus porque tinha todo seu pensamento voltado para uma moça muito bela.

– E quem é ela? – perguntou o padre.

– Ah não, padre! – gritou o moço com vivacidade. – Os pêssegos vá lá, mas quanto à moça; que me enforquem se lhe dou informações!