Arquivo da Categoria ‘De 1500 a 1600’

INOCENTE

Um homem chamado Lucas, vendo a sua mulher sofrer no parto, tratou de dar-lhe apoio. Mas ela foi tão simples que lhe respondeu:

– Não te desconsoles tanto, marido meu, que a culpa não é tua.

NÃO É DOCUMENTO

Argumentava um velho estúpido com um rapaz esperto. Acabou assim a discussão:

– Qual de nós terá aproveitado mais neste mundo, você com seus 18 ou 20 anos, ou eu com os meus 64?

– Essa é boa! Pois se leva lá pela idade? Mais corre uma lebre de um ano do que um burro de vinte.

VIOLAS DE GUERRA

Na partida da frota de D. Sebastião rumo às costas africanas, quando Lisboa, banhada de sol, se perdeu ao longe, na curva do céu e do mar, chamou El-Rei a Cristóvão de Távora e indagou:

– Trouxeram violas na armada?

– Para mais de cinco mil, meu senhor! – informou o interpelado.

– Cinco mil violas? – estranhou o rei. Vêm cinco mil violas para a África?

– E não chegam ainda, meu senhor, – retrucou o capitão-mor, – não chegam ainda para a saudade! 

DO OUTRO LADO

Tendo um aldeão matado com uma lança um cachorro do vizinho que o atacara, este o denunciou ao juiz, que lhe perguntou por que havia feito aquilo. E ele respondeu que para defender-se. O juiz replicou que podia haver lhe dado com o cabo da lança; mas ele respondeu:

– Assim eu teria feito se o cachorro tivesse vindo para me morder com o rabo, e não com a boca.

SE EU SOUBESSE…

Contava-se em Lisboa no tempo do rei D. Sebastião I (1554 – 1578), que o rei de Marrocos, ao tomar conhecimento da enorme soma despendida por Portugal, no bombardeamento que lhe destruíra a metade da cidade, teria dito:

– Se nos temos entendido, eu a teria queimado toda, por metade do preço!

IGUALDADE

Um barbeiro fazia a barba de um homem de forma desastrada, causando-lhe vários cortes no rosto e fazendo-o gemer e gritar. Até que o freguês exclamou:

– Me dê uma navalha também; não é justo um homem ser atacado, sem que possa se defender.