Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’
DECISÃO SÁBIA
Um sujeito burro conversava com dois amigos. O primeiro amigo disse que não era prudente matar uma ovelha, pois, viva, ela dará lã por muitos anos. O outro amigo acrescentou que também não era recomendável matar uma vaca, pois ela pode nos fornecer leite por anos e anos.
O idiota disse então:
– Sendo assim, também não vou matar o meu porco, para ele sempre me fornecer lingüiça e toucinho.
AH BOM!
No enterro de um homem ilustre, aproximou-se um curioso e perguntou a um dos que velavam o defunto:
– Quem é o morto?
– É aquele que está ali dentro do caixão.
INÉDITO
Um homem comprou um escravo, que morreu pouco tempo depois. Quando ele foi reclamar com o mercador que o havia vendido, este respondeu:
– Não consigo entender. Posso garantir que ele nunca fez isso enquanto esteve aqui.
QUESTÃO OPORTUNA
Um rapazola perdeu todo seu dinheiro no jogo de dados, na Sexta-Feira Santa. Chegando em casa, sua mãe o repreendeu severamente, dizendo:
– Não me admira que tenhas perdido, jogando na Sexta-Feira Santa!
– Diga-me pois, a senhora: – retrucou o moço -, e acaso o que me ganhou, jogava no Natal?
OFENSA
Um camponês ao ficar sabendo que seu compadre ia pedir-lhe o burro emprestado, escondeu-o nuns matos próximos à sua casa. Quando o outro fez-lhe o pedido, ele esquivou-se:
– Eu lamento compadre, mas o meu burro fugiu…
Nesse instante, porém, ouviu-se o zurrar do animal, e o vizinho disse:
– Mas como pode ser, se eu acabo de ouvir o zurrar do burro?
– Então, – respondeu o outro, fazendo-se de ofendido – acreditas mais na palavra do burro do que na minha?!
O DEVER
Um povoado muito pobre fez enormes despesas em festas e iluminações, para bem receber o rei, até o ponto em que o próprio monarca ficou assombrado.
– Ora, este povoado não fez mais do que deve. – disse um cortesão adulador.
– É verdade, – replicou outro áulico – fez o que deve, porque deve tudo o que fez.