Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’

OFENSA GRAVE

Um viajante espanhol, chegando para pedir pouso numa propriedade perdida no sertão, foi logo, todo amável, saudando o dono da casa:

– Salve, amico mio!…

O roceiro, desconfiado com o que poderia significar aquele mio, pôs-se a pensar: Que quererá dizer mio? Mio? Quem mia é o gato, gato come rato, rato come queijo, queijo é feito de leite, leite sai das tetas da vaca,… que tem chifres!… Esse franceis desgraçado está me chamando de chifrudo!

E arrancando da garrucha, chumbou o espanhol.

MORREU SIM, MAS…

Um jovem foi reclamar a um médico de que de o seu pai tinha vindo a morrer, embora a promessa que ele fizera de curá-lo.

– Vosmecê tem estado ausente, – respondeu o médico. – Não tem seguido os processos da cura – o paciente morreu curado.

TUDO MUITO RESPEITÁVEL

Farto de certo fidalgote da província, que a cada instante se referia ao senhor meu pai, ou então à senhora minha mãe, um barão, interrompendo-o em uma dessas ocasiões, fez vir à sua presença um lacaio, a quem ordenou:

– Senhor meu criado, ide dizer ao senhor meu cocheiro para atrelar os senhores meus cavalos na senhora minha carruagem.

VALENTÃO

Um português mais bravo que um Rodomonte, dizia:

– Não me atrevo a olhar-me em um espelho quando estou armado, porque assusto a mim mesmo!

JÁ SE SABE

Entrou num grupo que conversava numa esquina, um sujeito que tinha fama de mentiroso. Antes que tivesse tido tempo de saudar os demais, houve um que lhe disse:

– Não é verdade!

– Mas homem, se eu não disse nada… – protestou o recém chegado.

– Assim mesmo: vais falar e vais mentir!

VINGANÇA DO RECRUTA

Um alferes de milícias usava imensos bigodes, ainda que tivesse a cara muito pequena. Como fosse muito duro com seus subordinados, um dia o muro do quartel amanheceu com a seguinte frase, escrita a carvão: “Alferes Fagundes: ou comprar cara, ou vender bigodes”