Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
MAMATA
Em 1840, Francisco Álvares Machado e Vasconcellos foi Presidente do Rio Grande do Sul. Um cavalheiro bem relacionado política e socialmente, o procurou, para felicitá-lo, e, ao mesmo tempo, pedir emprego que fosse de representação, bem remunerado e que desse pouco trabalho.
E Álvares Machado:
– Pois não. Com muito gosto. O segundo emprego nessas condições, que aparecer, será seu.
– O segundo?! Por que não o primeiro?!
– Porque o primeiro será meu…
FANADINHO
José de Alencar e Zacarias de Góes, não eram os opostos apenas na política. Também na compleição física e no vestir: Alencar baixinho, franzino, doentio e relaxado nas suas roupas; Zacarias alto, atlético, bonito e trajando impecavelmente conforme a última moda de Paris.
Alencar, na sessão do dia 6 de setembro de 1869, no Senado, quando ele era Ministro da justiça, foi atacado por Zacarias, que o chamou de “fanadinho”. Alencar, fazendo alusão a certos atos de subserviência do oponente, alfinetou-o:
– Ora, senhores, sei que alguns homens altos costumam curvar-se para passar por certas portas. Mas os baixos têm uma vantagem: nunca se curvam. Quando passam pelas portas baixas ou pelas altas, como estas do Senado, trazem a cabeça erguida!…
SUJEITO AZARADO
O Marechal Deodoro da Fonseca, herói da Guerra do Paraguai e primeiro Presidente da República do Brasil, detestava os oportunistas. Mas, era obrigado a recebê-los e a lhes dar atenção. E, de quando em vez estourava nas audiências públicas.
Um velhote, que o procurou, queria emprego de qualquer jeito. Chateou meia hora, a alegar que trabalhara trinta anos pela República. Deodoro não agüentou mais:
– Pois eu só vim a ser republicano no dia 15 e já cheguei a Presidente da República. Logo, o caipora é o senhor…
TINHA RAZÃO
Uma velhota queria pensão do Estado. O Presidente Deodoro da Fonseca mandou que ela requeresse por escrito, dando as razões por que se achava com aquele direito. A mulher insistiu, adulando, adulando. Como viu que, com ele, ser capacho não adiantava, zangou-se:
– Já sei! Se eu fosse moça e bonita, conseguiria a pensão.
Deodoro soltou a bomba que ela merecia:
– Pois é isso mesmo. A senhora é velha. Velha e muito feia.
DO INFERNO
Certo engenheiro andou cavando a concessão de uma estrada de ferro. Quase todos os dias, aparecia em palácio, para lembrar. Nos Jardins do Itamarati, Deodoro recebeu o cacete. Cumprimentou-o e mandou que esperasse um instante. Virou-se para um oficial que estava a seu lado e disse, como se reatasse uma explicação:
– Como ia dizendo, o senhor fica avisado: não concedo mais honras de Coronel do Exército a ninguém.
O oficial, espantado, sem entender, gaguejou um tímido “sim, senhor”. E Deodoro prosseguiu:
– Quanta a estradas de ferro, ouviu?
– Sim, senhor.
– Só darei concessão para uma estrada que parta do Inferno e vá terminar na casa da mãe de quem a pedir. Ouviu?
– Sim, senhor.
– Agora, pode retirar-se.
O oficial fez continência, caiu fora sem entender coisa alguma, e o engenheiro desistiu…
SEM DEVER MAIS NADA
Um bajulador interesseiro, ofertou a Deodoro da Fonseca o seu retrato, em rica moldura. Dias depois, pediu-lhe emprego de primeira, verdadeira sinecura. Deodoro explicou que não podia nomeá-lo. E o adulador:
– É que V. Exª não se lembra de mim. Eu sou aquele que lhe ofereceu o seu retrato…
Deodoro, daquela vez, não perdeu a calma. Meteu a mão no boldo e entregou 70 mil réis ao puxa-saco. Este relutou, mas o Marechal insistiu e ainda o obrigou a assinar recibo!…