Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
CHOCOLATE
Quando José de Alencar era ainda criança, reuniam-se, secretamente, em casa de seu pai, no Rio, os políticos do Clube Maiorista, que preparavam a revolução parlamentar da Maioridade. As mucamas, a servir chocolate com bolinhos e manuês, entravam e saíam da sala secreta. E o menino José de Alencar, ao ver as bandejas vazias:
– Qual! O que estes homens querem é chocolate!…
O QUE FAZ O ESTUDO!
Um famoso cirurgião operou os olhos de um pobre agricultor, que estava completamente cego. A operação, segundo o médico, fora realizada à perfeição; porém, ao cego adiantara pouco ao que lhe interessava; que era ver.
Visitando-o certo dia um amigo, perguntou-lhe:
– E então, senhor Raimundo, o senhor vê alguma coisa? Aclarou-se já a sua vista?…
– Que posso lhe dizer? – respondeu o camponês. O senhor doutor, que é homem de muito estudo, diz que eu enxergo muito bem. Eu não distingo nem sequer os vultos, mas como nada entendo de cirurgia, devo estar enganado…
GENTE BURRA
Um inglês que viera para o Rio de Janeiro junto com a corte de D. João VI, e que não sabia falar uma palavra de português, dizia a um compatriota que acabava de chegar da Inglaterra:
– Não podes imaginar o quão estúpida é essa gente; faz quarenta anos que estou no Brasil, e ainda não pude conseguir que aprendam inglês.
E EU?
Quando Rui Barbosa iniciava sua profissão na Bahia, apareceu-lhe em casa, certa vez, um açougueiro, perguntando-lhe:
– Se o cachorro de um vizinho lhe furta um pedaço de carne pesando 5 quilos, o dono do cachorro é obrigado a pagar?
– Tem testemunhas?
– Tenho.
– Pois trate de receber a importância.
– Pois então o doutor me deve 7$500. Foi o seu cachorro que roubou a carne.
O futuro jurisconsulto fez o pagamento sem bufar, e, quando o açougueiro ia saindo, chamou-o:
– Vem cá! E a consulta?
– Tenho que pagar?
– Naturalmente. São 50$000.
PRAIA RECEITADA
As garotas que hoje se salgam e tostam em Ipanema, Leblon ou Copacabana, ou nas milhares de outras praias pelo Brasil afora, não podem imaginar que no século XIX, banhos de mar tinham finalidades médicas.
O médico receitava às senhoras estéreis ou às mocinhas anêmicas, um número de banhos de mar. “Se vinte, não cometer a loucura de tomar vinte e um!”. Nas farmácias falava-se do mar como de um ungüento ou de um purgante…
Para o tal tratamento, as mulheres usavam a roupa de banho feminina padrão: calças compridas, blusão e touca. De lã.
ETERNO FEMININO
O casal elegante parado à esquina: A mulher, toda na última moda de parisiense; vestido elegantíssimo e imenso chapéu emplumado, diz ao marido que se apóia na bengala:
– Manduca, aquela sujeita que ali vai, está me parecendo um homem vestido de mulher.
– Por quê?
– Pois se ela nem olhou para o meu vestido!