Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
BUROCRACIA
Durante o alistamento eleitoral, o presidente da Junta dirige-se a um velho, recurvado, totalmente decrépito e enrugado:
– Não pode ser atendido; é preciso que traga a sua certidão de idade, para provar que é maior.
O alistante:
– Mas, seu doutor, a minha certidão está em Boa Vista, em Goiás, lá onde o diabo perdeu as botas. Não basta a certidão de idade da minha última neta, que já tem 28 anos?
PRONÚNCIA
Quando o coronel Moreira César foi morto durante a campanha de Canudos, deram, em homenagem, seu nome à Rua do Ouvidor. Mas o novo nome não pegou, e o povo continuava a chamá-la Rua do Ouvidor. O que levou Arthur Neiva a dizer a um estrangeiro, ao acentuar as sutilezas do nosso idioma:
– Na placa da rua está escrito “Moreira César”, no entanto pronuncia-se “Rua do Ouvidor”.
ÁRVORE GENEALÓGICA
Quando a teoria de Darwin era novidade, Carlos de Laet dava uma aula no colégio D. Pedro II, em que ele se referia à fauna simiesca do Brasil.
Interrompeu-o um aluno:
– Professor, papai disse, lá em casa, ontem, que nós descendemos dos macacos.
Laet olhou o pequeno e, com certo ar de discrição, respondeu:
– Ah! Quanto a isso não sei. Seu pai deve saber melhor que eu. Não me meto em questões de família.
LARÁPIO CRISTÃO
Carlos de Laet era profundamente católico, tendo mesmo recebido o título de conde, pelo Vaticano.
Certa vez ele participava de uma reunião na associação católica Dom Vital, que ele presidia, quando desabou sobre a cidade um tremendo temporal. Ao terminar a reunião com os associados, fora ainda chovia.
Quando foi procurar seu indefectível guarda-chuva, percebeu que alguém o havia carregado. Cheio de indignação, ele exclamou:
– Qual foi o ladrão Católico Apostólico Romano, que me roubou meu guarda-chuva?
GRAÇAS A DEUS
Tendo tido Carlos de Laet feito críticas irônicas, na presença de outras pessoas, ao médico e seu colega professor do Colégio D. Pedro II, Dr. Oliveira de Meneses, este reagiu com extrema irritação:
– Vossa Excelência é um decrépito! Vossa Excelência não quer convencer-se de que está mais perto da morte do que da vida! Lembre-se de que está com os pés na sepultura!
Durante toda essa saraivada, Laet fumava tranquilamente o seu charuto. Depois calmamente perguntou:
– Vossa Excelência quando afirma que eu estou com os pés na sepultura, diz isso como meu inimigo ou como médico?
E Oliveira de Meneses, enfático, dedo em riste:
– Digo como médico!
– Ah, bom. Agora estou tranqüilo…
PARA DORMIR
Ao autor de um romance intitulado “Pelo avesso”, Belmiro Braga enviou estas duas quadras:
Passaste noites em claro,
Escrevendo o “Pelo avesso”.
Vou lê-lo – que livro raro! –
À nona folha adormeço.
Livro raro como este
De todos o aplauso tem:
Compondo-o, o sono perdeste,
E, lendo-o, o sono nos vem…