Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

NÃO SEJA POR ISSO

No centro da cidade do Rio, uma mendiga aborda um passante:

– Meu querido fidalgo, – diz ela -uma esmolinha por amor de Deus!…

– Agora não; não tenho cobre.

– Ó meu senhor, mas eu também aceito prata!…

FIZERAM BEM

Um sacristão borracho, depois de ter ministrado o vinho ao cálice do padre, põe, segundo seu costume, a galheta à boca para beber o restinho. Achando o líquido tão azedo, que fazendo uma careta capaz de fazer recuar uma procissão, exclamou: 

– Se Nosso Senhor tinha o sangue assim, bem fizeram os judeus em lho tirar, quando não decerto estragava.

APELO!

Em 1841, um conhecido vagabundo do Rio, chamado Chico Teles, sem meios de vida, sem ter o que comer e onde dormir, urdiu um plano que pôs em execução. Arremessou um tijolo à cabeça de certo Padre Kolé, prostrando-o sem o matar.

Preso em flagrante, como desejava,  admitiu ao delegado que a agressão visava unicamente colocá-lo atrás das grades – com casa, comida e roupa lavada, às custas do Estado. Por que o Padre Kolé? Porque ele era solteiro, e se viesse a morrer não faria grande falta…

Indo a julgamento, foi nomeado um advogado para defendê-lo. Este se esforçou por convencer os jurados da loucura do homem. E o conseguiu, sendo o réu absolvido por unanimidade.

O juiz mandou libertar o réu e, depois de proferida a sentença, levantou-se Chico Teles e exclamou indignado:

– Apelo dessa injusta sentença!

SALÃO DE BARBEIRO

Zacarias de Góes e Vasconcelos discursava da tribuna do Senado, quando notou que dois velhos colegas, o Barão do Rio Grande e o Barão de Pirapama, ambos profundamente surdos, conversavam aos berros sobre navalhas afiadas. Zacarias parou. E como a interrupção causasse estranheza, disse:

– Estou esperando que os Barões de Pirapama e do Rio Grande acabem de se barbear!

LOGO HOJE?

Era costume de D. Francisco de Almeida, depois segundo conde de Galvêas e íntimo de D. João VI, comparecer ao paço com a barba por fazer. Um dia, o monarca observou-lhe:

– Pois nem hoje, dia dos meus anos, D. Francisco, fizeste a barba?

– Por que não fez Vossa Majestade anos anteontem, que foi o dia em que me barbeei? – retrucou o fidalgo.

EM LUGAR ADEQUADO

Barba por fazer, casaca mal posta, apareceu D. Francisco de Almeida, segundo conde de Galvêas, no Paço, em uma das festas de Don João VI. À barriga, pela altura do cós do calção, faiscava a sua comenda de uma das grandes ordens portuguesas do tempo.

– Que é isso, Senhor conde? – observou-lhe, espantado, um dos ministros.

– É aí, então, que pondes a vossa comenda?

– É aí o lugar, filho – retrucou, indiferente, o fidalgo.:

– As condecorações andam tão por baixo, que eu, para andar na moda, pus a minha à cintura!