Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

MELHOR

Certo pinta-monos, que pretendia ser tido em conta de grande artista, disse um dia com ar de grande importância:

– Vou mandar caiar o teto da minha sala, para depois lhe pintar um Parnaso em cima.

Acudiu um amigo:

– É melhor pintar o Parnaso primeiro, e caiá-lo depois.

POETA IMORTAL

– Grande coisa é não poder morrer um homem! – dizia um pobre poeta, dos menos favorecidos pelo lado da fortuna.

 – Então, quem é que não pode morrer?

– Sou eu.

– E por quê?

– Porque não tenho onde cair morto.  

TEMPO À BESSA

Disse o jornalista português, José Nicolau de Massueles Pinto na sua última doença, falando com o médico assistente:

– Doutor, alongue-me isto da vida o quanto puder, que sempre hei de ter tempo demais para me aborrecer de estar defunto.

CÂMARA DE VEREADORES

De Maciel Monteiro:

                                   Se há posturas de galinhas,

                                   Também há municipais;

                                   Aquelas produzem ovos,

                                   Estas sono e nada mais!  

AMEAÇA

Estando um soldado sozinho de sentinela a um defunto, à noite, houve quem, por brincadeira, lhe quisesse meter medo, e embrulhado num lençol lhe apareceu no momento em que começava a pegar no sono.

Ergue-se o soldado espavorido, pegando na espingarda que pusera a um canto, meteu-a à cara, e investiu contra o fantasma, gritando-lhe:

– Retire-se se não quiser morrer outra vez!

SENTIMENTO RELIGIOSO

Um moribundo, de muito bom humor na hora da morte, disse ao tabelião e ao procurador, que acabavam de lavrar o seu testamento:

– Por favor, senhores, coloquem-se um de cada lado da minha cama, para que eu tenha a graça de morrer como Cristo: entre dois ladrões.