Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
ATÉ MAIS
– Quando vais pagar-me as cinco patacas que me deves? – perguntou um homem a outro.
– Não são cinco, são dez.
– Tu estás está equivocado; são cinco e não dez que eu quero que me pagues.
– É que eu prefiro dever-te dez a pagar-te cinco.
EU QUERO VER É
Um jogador que tinha muita má sorte e jogava de fiado, dizia a cada carta ruim que lhe saía:
– Oh fortuna, fortuna! – tu fazes com que eu perca, mas não farás com que eu pague.
O PROBLEMA É OUTROS
– Fazes muito mal em beber – diziam a um borracho, que tinha tropeçado e esborrachado o nariz na quina de uma casa. – Vais tropeçando a cada passo, com grande perigo de vida!
– Nada disso, senhores – respondeu o bêbado – eu não faço mal em beber, mas em andar depois de ter bebido.
GENUFLEXÃO
– O diabo te levante – dizia um galego a um cavalo em que ia montado, e que a cada passo embicava.
– Por que lhe não dizeis antes: Deus te levante? – perguntou-lhe um companheiro de jornada.
– Deus me livre!… para ele cair de todo!… Não sabeis que ao nome de Deus todos se ajoelham?
BOA PROFISSÃO
Indo um ladrão de cavalos para a forca, disse-lhe uma velha compadecida do seu infortúnio:
– Não vos fora melhor, filho, aprender um ofício do que ser ladrão, para virdes a morrer tão afrontosamente?
– Oh! Mulher! Pois o me ofício não é mau, se ao menos me deixassem trabalhar!…
NÃO É OCASIÃO
Uma mulher muito namoradeira, tendo envelhecido e achando-se doente de perigo, mandou chamar um confessor, o qual lhe disse:
– É preciso, senhora, esquecer a vossa vida passada, e não amar senão a Deus.
– Ah! Meu padre, – lhe respondeu ela – no estado em que estou como hei de tratar de novos amores?