Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

PARA LEMBRAR

Certo alfaiate, sempre que se aproximava a ocasião em que tinha de se confessar na igreja, aplicava tremenda sova na mulher.

Quando, um dia, lhe perguntaram a razão de tal barbaridade, ele explicou:

– É que muitas vezes eu não me lembro de todos os meus pecados, mas quando dou uma coça na Filomena, ela me recorda deles um a um.

PEQUENO LAPSO

Uma criada, que todas as manhãs comprava leite na mesma leiteria, veio com o pedido de costume:

– Deite um quartilho, Sr. Joaquim.

Mas, assim que o leiteiro retornou com o líquido, a criada olhou dentro da jarra, e exclamou:

– Sr. Joaquim, o senhor me serviu só água.

– Veja só! Disse o leiteiro, abanando a cabeça. Pois é verdade!  Veja só, mulher: pois não é que eu me esqueci de acrescentar o leite?

TODOS LADRÕES

Um fabricante de licores comprou uma arroba de açúcar num armazém da Corte. Ao examiná-lo verificou que continha uma abundante quantidade de gesso.

Querendo corrigir a fraude e recuperar o prejuízo, mandou publicar num jornal de grande circulação o seguinte: “O licorista da rua tal, número tal,  comprou ontem, sábado, de um mercador desta cidade, uma arroba de açúcar em pó, do qual extraiu duas libras de gesso. Se o defraudador não lhe enviar as duas libras de açúcar roubadas, publicará seu nome neste periódico”.

Naquele mesmo dia recebeu quarenta libras de açúcar, de vinte armazéns diferentes.

POR SEGURANÇA

Tendo se reunido vários amigos para distraírem-se no tiro de escopeta; tocou a um deles, muito desajeitado, fazer pontaria; e ao vê-lo outro foi sentar-se em frente ao alvo.

– Que fazes? – Exclamaram os demais, observando seu movimento.

– Nada, senhores, tranqüilizem-se; atirando este amigo, em nenhum outro lugar estou mais seguro do que aqui.

TAMBÉM NÃO

Viajava num trem certa ocasião um arcebispo, indo no mesmo vagão um caixeiro-viajante jovial e falastrão, que a todos alegrava com suas anedotas.

– Aposto, monsenhor, – disse o caixeiro-viajante em determinado momento – que não sabeis a diferença que há entre um arcebispo e um burro.

O arcebispo, sorrindo, admitiu que não sabia.

– Pois é que o burro leva a cruz nas costas, enquanto que o arcebispo leva a sua no peito.

Depois que todos tinham rido a valer, inclusive o arcebispo; foi a vez deste perguntar:

– E que diferença há entre um caixeiro-viajante e um burro?

O viajante ficou pensativo por largo tempo, depois respondeu:

– Não vejo nenhuma.

– Nem eu, – disse o arcebispo com douçura.

SÓ UM DEFEITO

Numa feira popular, um cigano tentava vender uma mula a um padre.

– Tem ela algum defeito? –perguntou o padre.

– Apenas um – respondeu o cigano.

– Qual é?

– Ela é muito esquecida.

– Se não é mais do que isso, não me preocupa; porque eu não a quero para mestre escola nem para ajudar missa – disse o padre, fechando o negócio.

Porém, mal ele pagou o cigano, e foi passar a mão no lombo da mula, levou uma saraivada de coices que o prostraram no chão.

– Devias ter me informado deste defeito! – lamuriou-se pobre o clérigo, levantando-se a custo.

– Mas, eu não vos disse que ela era muito esquecida? Mais de mil vezes eu a avisei para não escoicear, mas ela sempre esquece…