Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
IDIOMAS
Um burguês muito ignorante, tendo enriquecido no comércio, tomou-se de ares fidalgos. Contratou um mestre para ensinar-lhe boas maneiras e toda classe de conhecimentos a respeito de coisas sobre as quais escutava diariamente. Um dia ele perguntou ao seu professor:
– Conheceis Geografia?
– Certamente senhor!
– Então dizei-me: como se fala “mesa” em Geografia?
PARA ONTEM
Um rico fidalgo, querendo fazer uma viagem da corte a uma província, em carruagem, foi informar-se com a administração sobre a demora.
– Se atrelais um cavalo – disse-lhe o postilhão – fareis as quatro léguas em três horas.
– E com dois cavalos?
– Pois, com dois cavalos, em duas horas.
– E com quatro?
– Em uma hora.
– Então atrele doze cavalos, que quero chegar imediatamente!
CÃO PRODIGIOSO
Um padre tinha um cão a que muito estimava. Vindo o animal a morrer, o clérigo lhe fez uma espécie de túmulo no seu jardim, e convidou seus amigos para uma cerimônia, em que fez grandes elogios ao seu falecido cão. Logo houve quem o acusasse às autoridades religiosas, dizendo que ele havia cometido um pecado, ao dar tal tratamento a um cão.
Mandou-lhe chamar o arcebispo, e lhe disse:
– Com que vossa mercê ousa enterrar um animal com cerimônias de gente?
– O meu cão, Eminência, – respondeu-lhe o pároco – tinha qualidades excelentes; mas para não ser importuno a referi-las, só lhe direi uma: é que fez testamento e deixou a Vossa Eminência duzentos mil reais, que aqui trago.
– Ah! A maldade dessa gente! – exclamou o arcebispo, embolsando o dinheiro – que já iam deitar a perder um religioso exemplar como sois vós, padre!
ATÉ O REI
Conforme um decreto do rei D. José II, os cristãos-novos teriam que usar um chapéu verde, para diferenciarem-se dos cristãos antigos. Um dia o marquês de Pombal, que se opunha a esse decreto, defendendo que o sangue judeu estava mais disseminado entre os portugueses do que se imaginava, enviou à corte três chapéus verdes.
– A quem vêm destinados? – perguntou o rei.
– Um é para mim – respondeu Pombal.
– E o outro?
– Para o cardeal.
– E o terceiro?
– Ah, sim… ! O terceiro é para vossa majestade.
TODO MUNDO?
Um cardeal se queixou uma vez ante o rei de Portugal que alguns judeus não usavam o chapéu verde.
– Senhor cardeal – disse o rei -, deixemos isto de lado, porque nem vós, nem eu, nem meu chanceler, nunca o pomos.
SÃO TOMÉ
Falavam um dia da longevidade dos corvos:
– Muitos desses animais – afirmava alguém – chegam a viver duzentos e mais anos.
Mas um dos cavalheiros presentes, duvidando:
– Hum!… Será verdade?
– Parece que não há dúvida. Está comprovado.
E o incrédulo, reflexivo:
– Pois deixe estar… Hei de fazer uma experiência…
– Que experiência?
– Vou mandar vir um corvo! Quero eu próprio verificar se essas aves atingem tão prodigiosa idade!