Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

AINDA PERGUNTA?

Num lugarejo perdido lá nos confins de Minas Gerais; um dia um rapaz arrojado, o Desidério, resolveu correr mundo. Despediu-se de seu pai, de sua mãe e de seus sete irmãos, e pôs o pé na estrada.

Depois de vinte anos percorrendo o mundo, voltou. Ao desembarcar verificou que nada mudara na cidadezinha. Ao chegar em casa, porém, dela saiu um bando de barbudos que correram a abraçá-lo e a beijá-lo.

– Ele vortô! Ele vortô!… Pai! Mãe! O Zidério vortô!… – gritavam eles, na maior alegria.

Como o recém-chegado demonstrasse grande estranheza, um dos barbados lhe disse:

Uái, Zidério! Não reconhece mais teus irmãos?

– Vocês, meus irmãos?… Mas… Que barbas imensas!… Por que isso?…

– E ainda pregunta, Zidério?! Pois se vancê levou a gillette!

TROCA LETRA

O ator Amaro, já velho e em fim de carreira, depois de desempenhar um papel muito difícil, que lhe demandara muito esforço, costumava dizer aos amigos, exausto:

– Vocês verão… verão: mais dia, menos dia, acordo morto…

Nos seus últimos anos, a memória de Amaro começava a traí-lo, e ele fazia confusões homéricas no palco:

No auge de uma cena dramática declarava à personagem, toda banhada em lágrimas, que o seu marido morrera de bric-à-brac

Bric-à-brac queria dizer: béri-béri…

Noutra ocasião, em certa altura da peça, investia contra outro personagem, ameaçando-o:

– Se dás mais um passo, racho-te a bengala com esta cabeça!

QUASE ISSO

De outra vez, tendo de proferir a frase final de um terceiro ato, o velho ator Amaro, referindo-se ao qui-pro-quo que motivara um telegrama ambíguo, com expressão de alta seriedade, saiu-se com essa:

– Aqui têm, minhas queridas senhoras, como a desgraça de uma família inteira pode originar-se no peri-có-có de um telegrama anfíbio…

ELAS, O CONTRÁRIO!

O ator Peregrino Menezes conversava numa roda de gente do teatro. Comentava-se a decadência da cena brasileira, fenômeno que começava a caracterizar-se de modo intenso, e o Peregrino referindo-se aos triunfos da opereta e ao declínio do drama, disse:

– Atualmente para que o ator possa ganhar alguma coisa no Brasil, é preciso que cante.

– E as atrizes? – Perguntou uma linda atriz que estava na roda.

-Ah! – Respondeu o ator – com essas é preciso que sejam “cantadas”…

TOLOS

Um bobo da corte de um rei, um dia mostrou ao seu amo uma lista com nomes.

 – O que representa essa listal? – indagou o rei.

– Alteza, esses são todos tolos que eu conheço – respondeu o truão.

– Mas, – exclamou o rei – o meu nome encabeça a lista!

– Isso é porque vossa majestade ontem encarregou àquele nobre alemão, de comprar em seu país e trazer-vos duzentos cavalos. Mas, vossa majestade deu-lhe o dinheiro adiantado!

– Não vejo nenhuma tolice nisso; – retrucou o rei. – suponha que ele os entregue de acordo com as minhas determinações?

– Nesse caso eu apagarei o vosso nome, – disse o bufão – e colocarei o dele!

PARA IMPRESSIONAR

Um fidalgo de uma das províncias, veio à corte para prestar seus respeitos ao rei D. João III, com quem tinha audiência marcada, vestindo as mais ricas e suntuosas roupas, e carregado de jóias. O rei, avistando-o através de uma janela disse:

– Parece que o fidalgo vem antes para ser visto, do que para ver a mim!