Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
AMOR DE ESTUDANTE
“É ela, é ela”, de Alvares de Azevedo:
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos,
Ir espiar seu venturoso sono
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido…
Fui beijá-la… roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido…
Uma carta de amor? Versos dela?
Tremi de febre! Venturosa folha
Quem pousasse contigo neste seio…
Abri cioso a página secreta…
Oh! Meu Deus! Era um rol de roupa suja…
ESCALDA PÉS
Um barbeiro, logo que lhe falassem em frieiras aconselhava um escalda pés; pois é nos pés que elas ordinariamente atacam com mais força.
Um dia perguntou-lhe uma mulher o que havia de fazer ao seu filho que tinha frieiras.
– Dê-lhe um escalda pés – aconselhou o barbeiro.
– Mas o meu filho não tem frieiras nos pés, tem-nas nas orelhas…
– Ah! – respondeu o barbeiro – pois então lhe dê um escalda pés às orelhas.
AUTOR PREFERIDO
– Minha senhora, já leu os “Trabalhadores do Mar”?
– Não, senhor. É bom romance?
– Excelente.
– Hei de ler, eu aprecio as obras de Victor Hugo, e leio com tanto gosto, que no fim do primeiro capítulo, já estou dormindo.
MELHOR DE CAVALO
Querendo um indivíduo injuriar a outro pela imprensa, consultou um rábula, mostrando-lhe o artigo, cuja injúria mais saliente consistia na palavra “burro”.
Este, depois de ler com atenção, observou ser melhor usar antes a palavra “cavalo”, porque a outra encerrava mais um elogio do que uma injúria.
– E então por quê? – perguntou o indivíduo.
– Porque de um burro, – retorquiu o rábula – se faz um ministro, um bispo, um presidente, um deputado, um juiz… e de um cavalo nada se faz.
SÓ SE FALTAR COMIDA!
Temores da mãe para com o filho, que está prestes a seguir para a frente de batalha, na Guerra do Paraguai:
– Toma cuidado meu filho,
Não vá morrer lá na briga!
– Tal susto não me atrapalha;
Morrerei mas é se há falha,
De munição pra barriga.
VAGABUNDO
O moleque, abrindo a janela pela manhã, diz para o estudante, que ainda está na cama:
– Sinhô moço, aí está o explicador* de filosofia.
Estudante:
– O meu explicador já de pé, e eu ainda estou deitado! Moleque, fecha depressa a janela, eu sou indigno de ver a luz do sol.