Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

GENUFLEXÃO

– O diabo te levante – dizia um galego a um cavalo em que ia montado, e que a cada passo embicava.

 – Por que lhe não dizeis antes: Deus te levante? – perguntou-lhe um companheiro de jornada.

– Deus me livre!… para ele cair de todo!… Não sabeis que ao nome de Deus todos se ajoelham?

BOA PROFISSÃO

Indo um ladrão de cavalos para a forca, disse-lhe uma velha compadecida do seu infortúnio:

– Não vos fora melhor, filho, aprender um ofício do que ser ladrão, para virdes a morrer tão afrontosamente?

– Oh! Mulher! Pois o me ofício não é mau, se ao menos me deixassem trabalhar!…

NÃO É A TODA HORA…

Ao atravessar um príncipe estrangeiro uma pequena aldeia, numa viagem, pediu dois ovos cozidos, enquanto mudavam de cavalos à porta de uma estalagem. Ao querer pagá-los, pediu-lhe o estalajadeiro o valor de um jantar.

– Tudo isso! – exclamou o rei – Muito raros são os ovos nesta terra?

– Nada, não, – respondeu o homem – os ovos não são raros, os príncipes é que o são.

DEUS AJUDA MESMO?

Uma velha tinha um filho muito preguiçoso, e para convencê-lo a levantar cedo, disse-lhe uma manhã:

– Madrugue, filho meu, madrugue!  Port ter levantado muito cedo, o nosso vizinho achou outro dia uma bolsa cheia de moedas de ouro!

– Ó minha mãe, – respondeu-lhe o rapaz, puxando as cobertas para cima de si.  – pois se quem a perdeu, tinha levantado ainda mais cedo?

NÃO É OCASIÃO

Uma mulher muito namoradeira, tendo envelhecido e achando-se doente de perigo, mandou chamar um confessor, o qual lhe disse:

– É preciso, senhora, esquecer a vossa vida passada, e não amar senão a Deus.

– Ah! Meu padre, – lhe respondeu ela – no estado em que estou como hei de tratar de novos amores?

DAR OPORTUNIDADE A ELES

Em 1808 o governo português declarou guerra aos índios do Brasil por meio de um manifesto escrito na linguagem de Camões.

– Vou pedir um armistício – exclamou o jornalista gaúcho Hipólito José da Costa, ao terminar a leitura de semelhante manifesto.

– Para que? –perguntou-lhe um amigo.

– Para dar tempo aos índios de aprenderem a ler, a fim de entenderem o que aqui se diz!