Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
NA LÍNGUA DO POVO
O brasileiro desde o começo demonstrou talento para criar apelidos jocosos para os poderosos do dia. .
O navegador português João Dias de Solis, que em 1515 chegou até ao atual estado de Santa Catarina, recebeu o apodo de “Bojes de Bagaço”. “Bojes”, por ser navegador medíocre; já que “bojar” significa navegar rente à costa, próprio de quem não sabe se orientar em mar alto (em termos atuais e automobilísticos: um “barbeiro”); e “de Bagaço”, por ser muito amigo da garrafa.
Um dos capitães da frota de Cabral, Pedro de Ataíde recebeu a interessante alcunha de “o Inferno”; é de se presumir que se seus homens colocaram-lhe tal epíteto, não é porque fosse ele dos mais gentis e agradáveis…
NO BOM SENTIDO
Estando Dom João I a beijocar uma criada, num desvão de escada do seu real castelo, surpreendeu-o nessa troça a rainha Dona Filipa e o interpelou:
– Que pouca vergonha é essa?!
Pelo que El-rei, não achando outra desculpa, respondeu:
– Não é nada, senhora; não foi por mal; foi por bem…
RIO CRESCIDINHO
Antônio Torres, referindo-se à descoberta da Baía da Guanabara, em 1502 ou 1504, e à origem do nome da cidade do Rio de Janeiro, e o cômico involuntário do episódio: “Com efeito, certo dia aqui chegou um capitão português em sua nau, e entrou pela baía adentro, uma baía imensa, um mar inconfundível; pois, senhores, depois de muito olhar, de muito examinar e muito matutar, concluiu ele lá com os alamares do seu gibão:
– Isto é um rio!”
TAPEANDO O SANTO
ANEDOTA POPULAR DE 1557: A respeito de um naufrágio em alto-mar, em que um cavaleiro, quando viu que seu navio estava perdido, recorreu a São Nicolau oferecendo-lhe seu cavalo ou seu jumento caso isso o ajudasse em seu infortúnio. O que seu criado ouviu, e disse-lhe que não deveria fazê-lo, pois sobre o que iria montar depois?
Ao que o senhor replicou em voz baixa (pois não era para o santo ouvi-lo):
– Fique quieto; depois que ele me tiver ajudado, não lhe darei nem o rabo do cavalo!
FANFARRONICE DE NAVEGADOR
O grande navegador Vasco da Gama estava a bordo de uma caravela, conversando com um estrangeiro ilustre. De repente, o mar encapelou-se todo e uma enorme onda varreu o convés, de ponta a ponta. Assustado, o estrangeiro perguntou-lhe o que era aquilo. E Vasco respondeu com displicência:
– Não foi nada; só um de meus homens que cuspiu no mar…
ELES SÓ PENSAVAM “NAQUILO”
Passando meses no mar, aquelas tripulações exclusivamente masculinas da frota de Cabral, mais do que de comida e água frescas, tinham necessidade de companhia feminina.
Por isso, arregalaram os olhos ao verem as índias seminuas, que lhes pareceram muito atraentes. Só o fato de andarem sem roupas, já as tornava alucinantemente sedutoras. As européias da época cobriam-se dos pés à cabeça.
Pero Vaz, num arroubo compreensível, disse logo que as nativas eram moças, bem moças e gentis!… Pero Lopes foi mais longe: afirmou que causariam inveja às mais bela patrícias da Rua Nova, em Lisboa.
Não é atoa que os portugueses da época tinham um provérbio: “O homem é fogo e a mulher estopa; vem o diabo e assopra”.