Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
PEQUENO GRANDE HOMEM
Um anão era o bufão de um rei, e muito bem quisto por Sua Majestade. Por conseguinte era celebrado e adulado por cortesãos e poetas. Em vista disso o bobo dizia, muito discretamente:
– O que é a glória! Se eu não fosse um homem tão pequeno, ninguém teria sabido que eu sou um grande homem!
ANÚNCIO NO JORNAL
Num jornal da Corte apareceu o seguinte anúncio: “Devendo partir para a Europa o senhor D. N. deseja encontrar uma pessoa que o acompanhe como criado.”
Passaram-se dias sem que ninguém aparecesse para tratar com D. N. sobre o anúncio. Por fim, na véspera da partida, às quatro da manhã, chegou um chamando insistentemente à porta e perguntando pelo viajante.
– Vive aqui, mas está deitado – respondeu o criado.
– Pois eu vim a respeito dessa viagem…
– Então passe vossa mercê que eu o chamarei.
Com efeito, poucos instantes depois surgiu nosso homem, porém ainda não bem acordado.
– É vossa senhoria D. N. que colocou um anúncio de certa viagem à Europa?
– Sim, senhor.
– Pois eu vim para dizer a vossa senhoria que não posso ir.
ÁGUA VALIOSA
Num juizado de conciliação disputavam dois indivíduos a propriedade de um poço, e nem o demandante nem o demandado pareciam dispostos a ceder.
– A questão, – disse o juiz – não me parece tão importante, pois se trata de um poço de água.
– Perdoe-me Vossa Senhoria – retrucou uma das testemunhas – o poço que se disputa é muito importante, porque estes dois cavalheiros vendem vinho.
SÓ SE FOR ASSIM
Um médico teimoso estava dizendo numa casa que acabara de curar a certo enfermo. Entrou naquele instante um amigo de visita e disse que o enfermo havia morrido.
– Não pode ser! – exclamou o médico.
– Se acabo de vê-lo agora…
– Pois bem: mas então morreu curado.
PROFETADAS
Quando andavam adivinhos pelo mundo, um deles encontrava-se num círculo, quando viu passar um cão e disse:
– Aquela cachorra está prenhe; parirá sete filhotes e cinco terão raiva.
– Não é cachorra, – lhe disseram – mas cachorro.
– Pois se é cachorro, – replicou ele sem abalar-se – então está muito bem alimentado.
INOCENTE
Altas horas da noite ouvem-se gritos: Socorro! Ladrões!
Acodem os vizinhos e pegam na escadaria um homem suspeito. Prendem-no por precaução; e a polícia ao revistá-lo encontra uma gazua.
– Olá! Senhor ligeiro! Que fazia na escadaria daquela casa?
– Senhor, eu passeava…
– E esta gazua?
– Ah, cavalheiro! – responde o patife, fingindo secar uma lágrima. – Esse amuleto não me abandona nunca; é uma recordação de meu pai!